Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se reunirão nesta quinta-feira em território venezuelano para analisar a situação da fronteira binacional, fechada há quase um ano por Caracas, que alega falta de segurança, informou a presidência colombiana.
"Os presidentes da Colômbia e da Venezuela, se reunirão para avaliar a situação da fronteira com vistas à normalização da situação das zonas fronteiriças", informou uma fonte do escritório de comunicações do governo, acrescentando que o encontro "será na Venezuela", embora sem informar a cidade.
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Em 4 de agosto, em Caracas, as chanceleres da Venezuela, Delcy Rodríguez, e da Colômbia, María Ángela Holguín, avaliaram as condições para a reabertura da fronteira comum de 2.219 km. As passagens fronteiriças foram fechadas por decisão da Venezuela gradativamente desde 19 de agosto de 2015, após ataque de supostos paramilitares colombianos contra patrulha militar venezuelana.
- Vamos fazer uma abertura paulatina da fronteira, os presidentes tomarão a decisão assim que se reunirem - afirmou, então, Holghín.
No encontro entre os chanceleres, do qual também participou Maduro, foi decidida a criação de uma cédula de identidade especial para os residentes da fronteira, assim como um aumento nos controles de segurança, no âmbito da luta conjunta contra o contrabando de gasolina e o tráfico de drogas.
O encontro entre autoridades policiais e militares foi realizado terça-feira na cidade de San Antonio del Táchira, na Venezuela, fronteira com a colombiana Cúcuta. Na reunião, foi criada uma instância de cooperação contra o crime organizado e acordado um esquema alfandegário.
- Estamos trabalhando de forma unida, as forças militares e as forças policiais de ambos os países, com a decisão de construir uma nova fronteira de paz - disse José Vielma Mora, governador do venezuelano Estado de Táchira.
- Devemos ter uma fronteira aberta, uma fronteira em paz, uma fronteira nova, com condições de segurança, com condições de controle ao contrabando, com harmonia na migração - acrescentou William Villamizar, governador do departamento (Estado) do Norte de Santander.
No fim de junho, os ministros da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, e da Colômbia, Luis Carlos Villegas, acordaram em Caracas "reviver" a cooperação binacional na área da segurança. Esta colaboração tinha ficado em suspenso após a ordem de Maduro de fechar as passagens fronteiriças.
Juntamente com o reforço da segurança e da cédula fronteiriça, propôs-se a criação de uma cesta básica para o intercâmbio de alimentos e de matérias-primas. Apesar do fechamento da fronteira, após uma autorização temporária de Caracas, 150 mil venezuelanos passaram para a Colômbia em julho em três ocasiões para comprar produtos básicos e medicamentos que não conseguem em seu país. A Venezuela vive uma forte crise política e social, com escassez de 80% dos produtos da cesta básica e a inflação mais alta do mundo (180,9% em 2015 e estimativas de que supere os 700% em 2016).