Tudo cada vez mais preparado para o desfecho daquele que o ex-presidente José Pepe Mujica define como o evento mais importante da América Latina no século que se inicia. No domingo, delegados do governo colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concluíram as visitas às zonas onde se concentrará a guerrilha após a eventual aprovação de acordo de paz.
"As delegações do Governo Nacional e das Farc-EP informamos que depois de seis dias de intenso trabalho simultâneo em várias regiões do país, hoje finalizamos as visitas técnicas às 'veredas'" (seções administrativas municipais), onde os insurgentes se concentrariam, afirmaram em comunicado conjunto.
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Nessas zonas, se reunirão os rebeldes durante seu desarmamento, como parte do cessar-fogo bilateral e definitivo pactuado em junho e que entrará em vigor assim que for assinado o acordo final de paz, provavelmente nas próximas semanas. O acordo deverá, em seguida, ser referendado em consulta popular.
"Nas visitas realizadas, as equipes técnicas formadas por engenheiros, cartógrafos, topógrafos, com o apoio de tecnologia por satélite, coletaram mais de 800 imagens e fotos aéreas, assim como informação para que a Mesa de Conversações em Havana tome as decisões finais" sobre a localização das zonas, explicaram as partes no comunicado oficial.
O governo de Juan Manuel Santos e as Farc negociam desde 2012, em Cuba, o fim de um conflito armado de mais de meio século.
A missão percorreu 22 das 23 zonas de "vereda" acordadas na mesa de negociação, localizadas em 15 Departamentos (Estados) do país, e o local em que serão montados os oito acampamentos onde os guerrilheiros se reunirão.
"De comum acordo, decidimos adiar a visita técnica à vereda proposta no município de Caldono, Cauca (oeste)", afirmaram, sem explicar a razão.
Participaram das visitas 150 delegados do governo, entre eles o general do exército Javier Flórez, assim como 33 guerrilheiros que chegaram de Havana sob o comando do negociador insurgente Carlos Antonio Lozada e os chefes das frentes das Farc nessas áreas.
Também participaram representantes de Cuba e Noruega, países garantidores das negociações, e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A eles se somaram governadores e prefeitos das regiões onde se situarão as zonas de concentração e observadores internacionais da missão da ONU na Colômbia.