A França acaba de instituir o 21° critério de discriminação social inscrito em seu código penal: o comportamento antipobre. Agora, da mesma forma que já ocorre, por exemplo, para o racismo e a homofobia, quem manifestar uma má atitude em relação ao pobre é passível de uma pena de três anos de prisão e multa de até 45 mil euros.
Juridicamente, o critério de "precariedade social" visa "a particular vulnerabilidade resultante da situação econômica aparente ou conhecida" da vítima. Conscientes das dificuldades em se provar o delito, os parlamentares aprovaram a medida pensando menos em ações na Justiça e mais no seu objetivo simbólico e educativo, para lutar contra os "discursos estigmatizantes" e "devolver a dignidade" aos pobres. A iniciativa do novo artigo penal foi do senador Yannick Vaugrenard, suscitada por um relatório alertando para a existência de cerca de 8,5 milhões de pessoas vivendo abaixo do limiar de pobreza no país, atingindo mais de 14% da população francesa.
Mas a inclusão na lei da discriminação social contra os pobres é uma antiga reivindicação da associação caritativa ATD (Agir Todos pela Dignidade) Quarto Mundo, com ações em 29 países dos cinco continentes. Em 2013, um incidente provocou indignação na opinião pública francesa: uma família – os pais e seu filho de 12 anos –, acompanhada de um voluntário da associação, foi expulsa do Museu d'Orsay, quando visitava a sala consagrada ao pintor Van Gogh, porque outros visitantes teriam se queixado de seu "odor". Com a nova lei, a ATD abriu um "livro branco" para receber testemunhos de eventuais vítimas, e aproveitou para lançar via redes sociais uma consulta popular para a escolha de um neologismo (pobrefobia? miseriafobia? outro?) que designe o preconceito econômico, com o auxílio de um linguista. O novo termo escolhido deverá, depois, registrar ao menos 30 mil citações em livros, jornais, blogs etc. para começar a existir e, quem sabe um dia, entrar para o dicionário.
AS IMAGENS HUMANISTAS
DE SABINE WEISS
No próximo dia 23, ela festejará 92 anos de vida e 70 de fotografia. Em 1946, a jovem Sabine Weiss deixou sua Suíça natal para se aventurar como fotógrafa em Paris.
Naquela época, como conta, trocava nos açougues suas fotos por um bife. Hoje, é constantemente citada como a "última grande fotógrafa humanista", com uma obra considerada como um tesouro estético e histórico do período do pós-guerra.
A artista possui um rico acervo, fruto de seu intenso trabalho pessoal e de suas colaborações com uma variedade de publicações e agências do mundo inteiro.
Atualmente, há duas oportunidades para se admirarem suas imagens: na galeria Les Douches, em Paris (até 30 deste mês), e no museu Jeu de Paume do Château de Tours, em Tours (até 30 de outubro).
TOUR D'ARGENT,
O RETORNO?
Com mais de quatro séculos de história, o mítico restaurante Tour d'Argent, no Quai de La Tournelle, célebre por sua deslumbrante vista para o Rio Sena e a catedral de Notre-Dame, tomou como missão recuperar o prestígio perdido nos últimos anos. Hoje no comando da casa, André Terrail, 36 anos, da linhagem que detém o restaurante desde 1911, estabeleceu como primeiro objetivo conquistar uma segunda estrela no Guia Michelin. De 1933 a 1996, o Tour d'Argent ostentou as três cobiçadas estrelas, cotação máxima, e hoje tem apenas uma. Para reinventar o cardápio, Terrail contratou o chef Philippe Labbé, 54 anos, duas estrelas em 2012 com o restaurante Shangri-La. Além disso, promoveu modificações no décor e na louçaria. Mas os clientes tradicionalistas não precisam se preocupar: o renomado pato, numerado por unidade desde 1890, com direito a certificado, permanece. Até há pouco, havia sido servido o de n° 1.150.419.