As manifestações de rua tendem a aumentar na Argentina, enquanto o presidente Mauricio Macri, com menos de meio ano no cargo, tenta atrair investimentos externos para contornar a crise econômica do país.
Paulo Micheli, líder da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA), fez uma conclamação à greve geral e não deve ser voz isolada.
- É preciso construir uma paralisação geral - disse ele após liderar uma caminhada com milhares de pessoas para protestar contra "os ajustes e as demissões" do governo de Mauricio Macri.
- Se não houver respostas para nossos pedidos (para conter as demissões no setor público e privado e os aumentos das tarifas nos serviços básicos), é preciso construir uma paralisação geral - enfatizou o líder sindicalista.
A manifestação é um alerta para Macri.
Mesmo debaixo de chuva e com uma temperatura de cerca de 10ºC, milhares de pessoas foram às ruas na quarta-feira contra o que consideram uma política "de demissões e ajustes", como diziam os cartazes. A manifestação não contou com o apoio da influente central operária peronista CGT, comandada pelo líder do Sindicato dos Caminhoneiros Hugo Moyano. Isso, porém, não quer dizer que Macri esteja com domínio da situação nas outras centrais.
Com uma inflação acumulada de 25% desde o início do ano ano e em meio a drásticos ajustes nas tarifas de transporte, luz, água e gás (alguns chegaram a 500%), há protestos sindicais quase diariamente na Argentina.
Há duas semanas, o Congresso, controlado pela oposição, aprovou uma lei para conter as demissões em empresas estatais e privadas. Dois dias depois, Macri vetou o texto, alegando que não contribui para que as empresas invistam e gerem emprego. Foi a reação a sua primeira derrota legislativa desde que assumiu há quase seis meses. Mas a brica está longe do fim.
A questão central nisso tudo é a seguinte: sindicalistas em pé de guerra são motivo de preocupação para um governante na Argentina. Mais ainda se o presidente não for peronista, a orientação política majoritária entre as centrais. Não-peronistas, como Raúl Alfonsín e Fernando de la Rúa, já viveram as agruras de tal enfrentamento. Ambos tiveram de encerrar o mandato antes do tempo.