Os protestos de rua contra a nova legislação trabalhista imposta pelo governo François Hollande impulsionaram o comércio no país. Pelo menos uma parte dele. Para amenizar os efeitos das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia de choque, os manifestantes têm comprado óculos de natação nas lojas de artigos esportivos. As farmácias também saem ganhando: aumentaram as vendas de soro fisiológico para crianças, que diminui a ardência nos olhos provocada pelo gás.
E a procura só tende a aumentar: sete sindicatos convocaram novas manifestações contra a nova lei trabalhista para os próximos dias 17 e 19.
DESENHOS SOBREVIVENTES
Abalada por uma ruptura amorosa, a desenhista Catherine Meurisse se atrasou para a reunião de redação na revista Charlie Hebdo na manhã de 7 de janeiro de 2015. Naquele dia, o mesmo ocorreu com seu colega Luz, que despertou além da hora por ter permanecido mais tempo na cama com sua mulher na data do aniversário dele. Os dois retardatários escaparam do ataque terrorista que provocou a morte de 12 pessoas na sede da publicação satírica.
Catherine acaba de lançar o álbum de quadrinhos La Légèreté (ed. Dargaud), no qual, por meio do desenho, procura reencontrar a leveza e a beleza da vida após a tragédia.
Luz, que já havia publicado no ano passado o seu Catharsis – uma obra terapêutica pós-atentado –, agora optou por ilustrar o manifesto humanista do escritor Albert Cohen (1895 – 1981), Ô Vous, Frères Humains (ed. Futuropolis), relato autobiográfico de uma infância devastada pela descoberta do antissemitismo. "Não vamos todos nos amar", diz Luz, "por outro lado, podemos tentar não nos odiar, o que exige um verdadeiro trabalho humano".
GRAMA LIBERADA
Em comparação com Londres ou Berlim, Paris sempre foi criticada por limitar o acesso a seus parques. Para melhorar sua imagem nesse quesito, a prefeitura decidiu manter abertos 24h/24h, nos fins de semana de maio e junho e em todos os dias de julho a 3 de setembro, 50% dos espaços verdes da cidade (de um total de 423 hectares). Nove grandes parques da capital integram a lista, entre eles Buttes-Chaumont, Montsouris, André-Citröen e Auteuil. Além disso, a Avenida Champs-Élysées agora é reservada aos pedestres e ciclistas no primeiro domingo de cada mês, até as 20h.
SERPENTE CHINESA
A exposição Monumenta tornou-se, ao longo dos anos, uma surpreendente tradição nos 13,5 mil metros quadrados sob uma cúpula de vidro de 35 metros de altura do Grand Palais, na capital francesa. A cada edição, é dada carta branca a um artista francês ou estrangeiro, em alternância. Desde 2007, o nobre espaço já acolheu obras de artistas como Anselm Kiefer, Christian Boltanski, Anish Kapoor, Richard Serra ou Daniel Buren.
Desta vez, o escolhido foi o vanguardista chinês Huang Yong Ping, que para sua Monumenta instalou o esqueleto de uma imensa serpente de 133 toneladas e 254 metros de comprimento, num cenário de 305 coloridos contêineres. Batizada de Empires, a obra, inaugurada na última semana e considerada uma alegoria do mundo globalizado, levou 12 dias e 13 noites para ser montada.