Desfeito o mistério.
Ontem, a coluna contou brevemente a história de um goleiro que vestiu a camiseta do Grêmio jogando pelo Rosario Central. Sim, a história é incrível. Além de ser o jogador vestir o uniforme de um clube defendendo outro, são os dois adversários de logo mais pelas oitavas de final da Libertadores. Ricardo Oso Ferrero, que morreu em 16 de novembro aos 60 anos, usou o manto tricolor a partir de 1979 e durante duas temporadas inteiras – incluindo a de 1980, em que o Central foi campeão argentino, e Oso Ferrero era o goleiro.
Mas como isso ocorreu? A linda história em comum entre os dois adversários desta noite se iniciou com um presente do goleiro gremista Manga, em um amistoso de 1979. Manga defendeu o Grêmio pelo mesmo período – dois anos a partir de 1979. Já era fim de carreira do Manguita Fenômeno, depois de ter defendido a seleção e feito história atuando pelo rival Inter.
Desde que ganhou o presente, Oso nunca mais largou a camiseta tricolor.
Vejam só: até foi campeão argentino em 1980! Só não participou da final porque havia sido suspenso. Mas, de qualquer forma, um goleiro foi campeão argentino usando aquele manto que pra mim é sagrado!!! Que tri, hein?
O amistoso, na verdade, fazia parte de um torneio quadrangular daqueles organizados pelos clubes em início de temporada.
O Grêmio foi o vencedor do torneio. Ganhou do Central, naquele jogo, por 2 a 1.
No final do jogo, os dois goleiros trocaram as camisetas.
Ah, o nome do torneio era "Carnaval Rosario 79".
Os jogos todos ocorreram em Rosario.
Aqui, a reprodução da crônica daquele jogo em que Ferrero ganhou a camiseta.
Antes da final vencida pelo Tricolor, o Central havia derrotado o Quilmes por 4 a 0. Curiosamente, o Grêmio também derrotara seu adversário por 4 a 0 – no caso, o Independiente.
Oso Ferrero insistia em usar aquela camiseta. Com o tempo, o uso a foi surrando, e ele pedia para a mulher sempre costurá-la, sempre mantê-la o mais intacta possível.
Que baita história!
Que me esclareceu tudo foi o colega rosarino Rodolfo Parody.