Uma das primeiras declarações do presidente americano Barack Obama no retorno a Washington, após seu périplo histórico por Cuba e Argentina, é um apelo ao convívio entre diferenças. Obama declarou neste sábado que "estigmatizar" os muçulmanos é fazer o jogo dos extremistas, "que querem que nos enfrentamos entre nós", uma manifestação que também é crítica implícita às propostas dos candidatos republicanos à Casa Branca.
Na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI), "nossos aliados mais importantes são os muçulmanos", declarou em seu discurso semanal, após os ataques de terça-feira em Bruxelas, reivindicados pelo EI, que fizeram 31 mortos e 300 feridos.
Obama expressou suas condolências aos dois americanos mortos nesses ataques, durante os quais pelo menos 14 outros ficaram feridos.
- Devemos rejeitar qualquer tentativa de estigmatizar os muçulmanos americanos e elogiar suas enormes contribuições para o nosso país e nosso modo de vida - disse Obama. - Estas tentativas são contrárias à nossa natureza, nossos valores e nossa história como nação, construída sobre a ideia de liberdade religiosa. Também são contraproducentes. Fazem o jogo dos terroristas, que querem que nos enfrentamos entre nós. Eles precisam de razões para recrutar mais pessoas para a sua causa de ódio.
Os dois principais candidatos à indicação republicana para a eleição presidencial de novembro, Donald Trump e Ted Cruz, apoiam que a polícia patrulhe bairros muçulmanos. Trump também quer proibir temporariamente a entrada de muçulmanos nos EUA por medo de que um extremista se esconda entre eles.
Obama reconheceu que o EI "representa uma ameaça para todo o mundo civilizado", mas prometeu que "os terroristas fracassarão". Ele também cumprimentou a eliminação pelos EUA do número dois da organização jihadista, Abdel Rahmane al-Qaduli, anunciada na sexta-feira.