A urgência de alinhavar a relação com o Brasil, medida tida como prioritária pelo presidente Mauricio Macri, o fez definir o novo embaixador argentino em Brasília, um homem de confiança e perfil vinculado à iniciativa privada.
Secretário de Indústria e Mineração no governo de Carlos Menem (1989-99), Carlos Magariños, 53 anos, foi adido comercial na embaixada argentina em Washington, entre 1993 e 1997. Depois, dirigiu o braço das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial (Unido). Mas, acima dessa experiência diplomática, Magariños pode ter sido escolhido porque é dono de duas consultorias que prestam serviços a empresas com negócios no Exterior: a Prospectiva 2020 e a Global Business Development Network.
Nas redes sociais, ele se define como expert em áreas de relações internacionais, indústria e comércio, desenvolvimento econômico e meio ambiente.
Tudo ok. Só um problema: Magariños não fala português.
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Mas problema mesmo Macri está enfrentando por ter nomeado, via decreto, dois juízes para a Suprema Corte. A medida, apesar de prevista na Constituição, foi usada uma única vez, em 1862, pelo presidente Bartolomeu Mitre. A repercussão foi negativa: o próprio bloco macrista a rejeitou.
A ex-candidata a presidente em primeiro turno Margarita Stolbizer, do partido GEN, com o qual conta Macri para compor a base no Congresso, definiu a iniciativa como "o primeiro tropeço" do presidente. O aliado Julio Cobos, senador pela UCR e ex-vice-presidente do país (no primeiro mandato de Cristina Kirchner, de quem é desafeto), lamentou que o Senado não foi convocado.
Os indicados são Horacio Rosatti e Carlos Rosencrantz. Normalmente, a indicação passaria pelo Senado. Claro, algum motivo há para tal medida ter sido adotada. O mais óbvio é: o PRO, partido de Macri,tem minoria na Casa, comandada por peronistas e, em especial, kirchneristas.
Macri lançou mão de um instrumento que permite a nomeação temporária de empregados do Estado durante o recesso parlamentar. O problema é que a temporariedade se estenderá até novembro do ano que vem.
Talvez a crítica mais dolorosa para o presidente tenha vido de outro adversário no primeiro turno, o deputado Sergio Massa, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno e vinha mostrando inclinação por apoiar o governo. Dissidente do kirchnerismo, Massa elogiou os nomes de Rosatti e Rosencrantz, mas perguntou "o que ocorreria se o mesmo tivesse sido feito pelo governo anterior". Talvez Macri fizesse coro com o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, para quem "a medida é autoritária e inédita na democracia, devendo ser anulada".
Os aliados de Macri alegam urgência para compor a Corte, que deve ter cinco integrantes, mas estava apenas com três. Ainda assim, pegou mal.