Sei que não estou sendo original no título desta crônica com formato de bilhete. O homem que estava de tocaia nas proximidades do campo de golfe do ex-presidente Donald Trump também começou assim a sua mensagem, provavelmente para tentar justificar ao mundo as suas más intenções.
— Eu falhei com você! — penitenciou-se ele, antes mesmo de saber se seria bem ou malsucedido no seu intento.
Não foi o único.
— Nós todos falhamos com você, prezado Mundo!
Desde o início dos tempos. Recebemos um paraíso: florestas imensas, terras férteis, rios transparentes, animais e plantas saudáveis.
A máquina da vida azeitadinha para funcionar a pleno vapor. E nos foi concedida a gerência desse prodigioso ecossistema. Vai lá, humano, tu que tens cérebro e espírito criados à imagem e semelhança dos deuses, comanda esse condomínio bem estruturado e faz com que todos os seus habitantes cresçam, se multipliquem e sejam felizes.
Parecia que ia dar certo. Dominamos o fogo, cultivamos a terra, formamos famílias, edificamos cidades e civilizações, inventamos a escrita, desenvolvemos a ciência, as artes e a comunicação. Beleza pura. Mas alguém deixou aberta a Caixa de Pandora da alma humana. E dela saiu de tudo – os rancores, as fronteiras nacionais, as discriminações, os preconceitos, as crendices, as armas, a ganância, a crueldade e tantos outros males que nem vale aqui descrever.
Deu no que deu. O homem escravizou o homem, tiranos assumiram o poder, a corrupção derrotou a fraternidade. O resultado está aí: poluição crescente, desmatamento incontrolável, queimadas criminosas, conflitos bélicos, genocídios, cidades destruídas, vidas abreviadas, um horror que parece não ter fim.
Falhamos com você, Mundo.
E pur si muove! Quem sabe se nessas voltas que essa vida dá ainda nos recuperamos? Convém não esquecer que a esperança – aquela ilusão pintada de verde – ficou presa no fundo da caixinha. Agarro-me a ela para torcer pelas novas gerações, pelos sobreviventes da insensatez, para que extraiam de suas telinhas luminosas alguma fórmula mágica capaz de devolver paz e harmonia à humanidade. Quem sabe?
Prezado Mundo, boa sorte.