Henry Thomas, autor de um dos melhores livros que já li (A História da Raça Humana Através da Biografia), divide as lideranças mundiais em pacifistas e fazedores de guerra. Em outra subdivisão, avaliando grandes personagens da humanidade, classifica-os como profetas, guerreiros, construtores de povos, poetas, filósofos, cientistas, artistas, exploradores e estadistas. Na época em que escreveu seu extraordinário ensaio, entre as duas guerras mundiais, não havia uma preocupação planetária com o meio ambiente. Agora há.
É bem possível que os próximos condutores de multidões sejam os ambientalistas.
Pelo andar da carruagem estelar, todos nós, cidadãos comuns que recém começamos a perceber a importância de separar o lixo doméstico e reduzir o consumo de plásticos, vamos acabar participando até das passeatas da pirralha de Estocolmo. Mais do que uma questão de consciência, é uma questão de sobrevivência. Se não for por nós, será pelo planeta, pela humanidade, pelos nossos descendentes. Sem ser cientista político, arrisco-me a prever para muito breve uma onda verde nas eleições de todos os níveis, do patrão de CTG ao presidente ou primeiro-ministro dos países democráticos.
Mas acalmem-se, candidatos afoitos: o eleitor engajado nesta causa não votará em demagogos e oportunistas. Com as ferramentas tecnológicas disponíveis atualmente, não será difícil investigar a vida pregressa dos cristãos-novos do ambientalismo. A escolha recairá sobre gente realmente comprometida com a vida dos humanos e dos animais, com a energia limpa, com a preservação das florestas e com o ar que todos respiramos. Serão esses nossos representantes, afinal, que decidirão os destinos da humanidade.
A vigilância ambiental, porém, não se restringirá a políticos e governantes. Lideranças culturais, artistas, empresários, escritores, jornalistas, todos e todas seremos submetidos constantemente ao olhar ecológico dos cidadãos preocupados com a saúde do planeta. Se os fazedores de guerras (e os insensíveis, gananciosos e autoritários) não atrapalharem, talvez esta bola flutuante ainda volte a ser um lugar agradável para se viver.