O sexto sentido até já rendeu filme. Trata-se, segundo a ciência, de uma espécie de intuição psíquica, que também pode ser traduzida como clarividência, visão de futuro ou, no caso do cinema, visão de almas do outro mundo. Há também quem identifique um sétimo sentido, para uns a capacidade de perceber oportunidades, para outros a relação com a realidade virtual proporcionada pela tecnologia. Nossos cinco sentidos naturais, só para lembrar, são o tato, o olfato, a audição, o paladar e a visão.
São eles que a tecnologia desafia, para o bem ou para o mal. Ao mesmo tempo em que nos proporciona comunicação instantânea, imagens mais perfeitas do que a própria realidade e sons que podem ser captados na Lua, também nos distrai, nos cega e nos aliena. O celular, com suas múltiplas funções, é o melhor exemplo desta nova relação com os sentidos. Ele próprio passou a ser um recurso tão imprescindível para muitas pessoas quanto aqueles de que fomos dotados pela natureza.
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Chama-se nomofobia a dependência de celulares. Em inglês, no mobile phobia, o medo de ficar sem o celular. As pessoas ainda vivem amontoadas nas grandes cidades, mas passam a maior parte do tempo sem conversar umas com as outras, concentradas no som dos fones de ouvido ou na visualização e na digitação em seus aparelhos de mão. Só falam quando acaba a bateria e invariavelmente dizem a mesma palavra:
– Droga!
Muitos usuários dormem com o celular ao lado do travesseiro e acordam na madrugada para responder a mensagens. Inúmeros motoristas dirigem com o celular no colo, com um olho na estrada e outro no aparelho – às vezes os dois na telinha e o sexto sentido que se encarregue do volante. Os segundos do sinal fechado são aproveitados para o ZapZap.
Estudos recentes demonstram que o uso diário do celular altera a estrutura e a função do cérebro humano, refletindo-se nos processos de cognição, estado de ânimo e conduta das pessoas. Ou seja: ingressamos numa viagem sem volta. Para onde mesmo estamos indo?
Confesso que não sei, mas vou consultar o GPS do meu celular e já respondo.