Se as coisas de fora do campo não avançaram quatro linhas adentro — entenda-se problemas financeiros que virem atraso de salário —, existe uma boa perspectiva de Roger Machado formatar ainda neste ano um time promissor para 2025.
Se as coisas correrem na velocidade recente de duas vitórias consecutivas com desempenho satisfatório, os resultados podem aparecer ainda em 2024 na forma de vaga direta para a Libertadores da América. Caso haja oscilações no processo, como rodadas atrás na derrota ridícula para o Atlético GO em Goiânia, a vaga direta vira disputa de seletiva ou, se os atrasos forem constantes, lugar na Sul-Americana do ano que vem.
Fotografando só as vitórias sobre Juventude e Fortaleza, se percebe um padrão e uma diversidade que sustentam otimismo. Contra o Juventude, com Wesley, o Inter foi intenso, vertical, alternou ações propositivas com reativas e venceu confortavelmente, poderia ter goleado.
Diante do Fortaleza, com Alan Patrick, houve mais refinamento técnico e criatividade, mas também um período de estratégia equivocada em que o Inter se vestiu de Olaria para jogar todo atrás da linha da bola perto do próprio gol.
Foi logo após fazer 1 a 0, quando jogava muito bem e submetia técnica e taticamente o adversário forte. Depois do gol, pretendeu jogar no erro do Fortaleza, deu campo e espaçou, sofreu o justo empate e só alcançou a vitória no segundo tempo quando voltou a ser o time que procurava de forma incessante o resultado. Dá para colocar na conta do gerúndio do time. Ele está se formando, se consolidando, se construindo. Há percalços no caminho.
Oportunidade contra o Cuiabá
Na segunda-feira (16), o Inter terá a chance de fazer um inédito trio de vitórias no Brasileirão. O adversário é do Z-4, o Cuiabá. A atmosfera, positiva. O Beira-Rio poderá estar cheio como há muito tempo não acontece. Estarão de volta os jogadores estrangeiros que serviram suas seleções. Roger Machado tem decisões importantes a tomar na gestão de grupo.
O melhor jogador do elenco, em termos técnicos, acaba de voltar de lesão, fez gol contra o Fortaleza, agregou qualidade a todo serviço do meio-campo. Com Alan Patrick, o time ganha em criação, perde em intensidade. Wesley vinha bem, é dos jogadores mais verticais da equipe, mas é preciso respeitar a fala do campo. Tanto para manter Alan Patrick como para devolvê-lo ao banco de reservas, será preciso tato.
Se antes havia um lance de escadas de diferença entre titular e reserva, o Inter de 2024 fez elenco para sonhar mais alto, o que foi abortado em relação a título no Brasileirão por uma enchente sem precedentes. Some-se a isso o trabalho insuficiente de Coudet e a demora em corrigir o rumo. Roger começa a fazer funcionar no tempo possível, o que significa candidatura a vaga de Libertadores, não mais do que isso.
Para 2025
No entanto, se mantido o treinador e os principais jogadores do elenco para 2025, a base construída neste segundo semestre promete muita solidez para voltar a ter esperanças na próxima temporada. Quando se fala do Inter, sempre é preciso cuidar para não errar a mão no otimismo. A equipe semifinalista da Libertadores do ano passado, por exemplo, prometia muito mais com os reforços em 2024.
Porém, mesmo antes da enchente, o Inter se atrapalhou no Gauchão e na Sul-Americana. A promessa não se cumpriu antes de o Guaíba invadir o CT e o Beira-Rio. Agora, parece diferente, Roger Machado é melhor treinador do que o anterior e vê neste trabalho no Inter a chance real de retomar sua carreira em alto padrão. O combo é positivo, mas já vi este filme.