A mudança de patamar do Inter, semifinalista da Libertadores, tem o papel decisivo do presidente Alessandro Barcellos. Ele fez as contas e concluiu que havia espaço no orçamento para trazer jogadores grandes e, automaticamente, caros. Não seriam contratações óbvias no sentido de chegar e jogar. Um foi contratado com o passado recente de estar sem entrar em campo há mais de seis meses, outro só chegaria meses depois do contrato assinado. O terceiro precisou da raspa do cofre e chegou para uma posição onde o titular era o maior responsável pela presença do Inter nas quartas da Libertadores.
Aránguiz, Valencia e Rochet se somaram a Mercado, o "mundialista" que já estava no time sem força suficiente para sozinho elevar seu padrão. A liderança técnica exercida por Alan Patrick também era insuficiente. Mano Menezes não acertava a mão no posicionamento do atacante equatoriano, não tinha do volante chileno ainda o melhor desempenho e nem contou com o goleiro uruguaio. Com maus resultados e a utilização errática do potencial de Valencia, o treinador foi trocado por Coudet, antiga admiração presidente. A campanha no Brasileirão não teve melhora, o Inter está a quatro pontos do Z-4, mas a classificação sobre o River Plate e a passagem sem sustos contra o Bolívar turbinaram a visão geral quanto ao time colorado.
É preciso, com urgência, reagir na competição nacional. Os quatro "mundialistas" e todos os demais deve entender o quanto o Inter está fora do lugar com tanta proximidade da zona do rebaixamento. O papel de Coudet agora é incutir em todos a mesma confiança e efetividade vistas na Libertadores com o viés para o Brasileirão. Daqui a um mês, os confrontos espetaculares contra o Fluminense vão dominar de novo a atenção do contexto colorado. Ainda mais adiante vem o Gre-Nal. Como uma nuvem dourada a cobrir colorados e coloradas estará o 4 de novembro, final da Libertadores, objetivo maior desde já.
A parada de data Fifa ajuda Coudet no preparo do time, a condição física melhora a olho nu. Rochet, Aránguiz, Valencia e Mercado vão continuar agregando sua bagagem profissional à bagagem de quem os cerca. O benefício é geral. Vai de Johnny a Wanderson. Estar distante da parte ruim da tabela quando chegar a semifinal da Libertadores é premissa para um enfrentamento mais competitivo contra o afirmadíssimo Fluminense de Fernando Diniz. A forma convincente com que o time carioca engoliu o Olimpia e seus pontapés certamente alerta o Inter quanto à solidez do rival. Ainda assim, há muitas brechas para o time gaúcho eliminar o Fluminense, sua fase defensiva não é a parte mais luminosa do conjunto da obra.
Até agora, com o objetivo alcançado de estar entre os quatro da América, o sentimento de Alessandro Barcellos deve ser de alívio mais do que de alegria. Se vier o título, aí sim o alívio dará lugar à euforia. A missão dos quatro "mundialistas" do time a partir deste momento é manter alto o padrão alcançado há pouco tempo. Em futebol de alta performance para um clube com tão grande jejum de faixa no peito, matar um leão por dia não basta.