A perplexidade de gremistas e colorados pode ser resumida no Botafogo. O time carioca acumula cinco vitórias em cinco jogos, três delas contra Atlético-MG, Flamengo e Corinthians. Está merecendo cada um dos três pontos que soma a cada rodada.
Você olha o time de Luís Castro e vê Cuesta, ex-Inter, Marlon Freitas, ex-Atlético-GO, Tiquinho Santos, ex-Porto... nada sinalizaria, teoricamente, uma campanha deste tamanho. Até porque o Botafogo fez um Campeonato Carioca medíocre, ganhou uma espécie de subtítulo, algo que no Rio Grande seria considerado campeão do Interior.
Virado em SAF, o clube de Garrincha parecia destinado a um honroso meio de tabela neste Brasileirão. Seu melhor jogador, o atacante Jeffinho, foi rifado para um clube francês pertencente ao mesmo conglomerado. Houve um levante dos botafoguenses ainda dispostos a algum protesto. Pois bem: contra qualquer prognóstico, o Botafogo lidera um campeonato em que joga o Palmeiras.
A torcida lotou seu espaço contra o Flamengo no Maracanã, deixou clarões no Engenhão diante do Corinthians. Anfitrião ou visitante, o Alvinegro está ganhando e merecendo cada resultado. Simples assim. O time encaixou, frase sonhada para ser escrita e lida por colorados e gremistas.
Como o Grêmio com Luisito Suárez não encaixa? Como o Inter, atual vice-campeão brasileiro, não encaixa? Por que o Botafogo e não o meu time, perguntam as duas torcidas dos gigantes gaúchos.
Correndo o risco de ser reducionista, eu arriscaria dizer que é mais fácil para o Botafogo, sobre quem a expectativa é menor pelo seu currículo recente. Além disso, o Grêmio se transformou num clube que produz suas próprias crises, o que por si só já atrasa este encaixe alcançado de forma inusitada pelo Botafogo.
No caso do Inter, a incapacidade de se consolidar num padrão confiável no quesito emocional transforma qualquer coxilha em montanha. A rodada deste final de semana é um desafio para Renato Portaluppi e Mano Menezes. O técnico que é estátua precisaria praticar humildade nesta hora em que pratica soberba. É difícil, admite este vaidoso reconhecendo outro, mas fundamental para o Grêmio encontrar um rumo melhor até o fim do ano. O Fortaleza é duríssimo adversário no domingo (14), jogo com transmissão da RBS TV.
Antes, sábado (13) à noite, o treinador colorado talvez se autorize passos atrás para formatar um time que pare de sangrar defensivamente. Na maré baixa deste início de maio, até meu recém-nascido Gael sabe que Grêmio e Inter precisam reduzir suas expectativas e entender 2023 como mais um ano de travessia. Nesta hora, mais vale chegar na outra margem do que deixar a barca afundar no meio do caminho.
A face humana do City
Talvez fosse o que faltava ao Manchester City. Dar balão para o alto sustentando o 1 a 1 contra o Real Madrid na Espanha e, assim, levar para casa a decisão da vaga à final da Liga dos Campeões. O futebol jogado pelo time de Pep Guardiola é conceitual, mas há horas em que a vida real grita sua gravidade. O Manchester City já foi vice-campeão europeu comandado pelo técnico popstar. Perdeu o título para o Chelsea, que era inferior.
Desta vez, o time inglês parece mais maduro para eliminar o atual campeão europeu e ser campeão sobre a Inter de Milão, em Istambul, no sábado de 10 de junho. Para tanto, é bem possível que o Manchester City se obrigue a dar mais alguns balões para cima se o contexto do jogo pedir. E depois, na festa do título, Guardiola vai poder dar boas risadas lembrando disso com seus refinados jogadores.