Não há gremista que considere injusta a estátua erguida em homenagem a Renato Portaluppi, o maior ídolo do clube em todos os tempos. Sobram razões para tanta idolatria. De jogador a treinador, Renato é protagonista até hoje na história do Grêmio. Campeão mundial e da Libertadores como jogador, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores como técnico, Renato tem um capital junto à torcida que nada será capaz de abalar. Alguém que chegue neste nível de unanimidade pode, pela simples condição humana, perder contato com a realidade mais comezinha, aquela que chateia e vira crítica. Como criticar uma estátua? Como o personagem que virou estátua aceitará críticas ao seu trabalho, justamente o trabalho que contribuiu para que virasse estátua???
Renato Portaluppi anda se atrapalhando bastante recentemente. Em decisões que toma para escalar o time, em trocas durante o jogo, em resultados e desempenhos no Brasileirão, o treinador não vive bom momento. Sua resposta às críticas vêm na forma de ataque. Renato é fera, certo? Claro que é. E uma fera acuada se defende atacando. Sua coletiva depois do pobre empate com o Juventude teve algumas falas estapafúrdias. O encerramento, por exemplo, em que deixa no ar que "estão torcendo para o time errado", é um primor de equívoco. Jornalista trabalhando não torce. Trabalha. Pergunta. Informa. Analisa. Repercute. Projeta.
Escreve aqui um comentarista que muito mais elogiou do que criticou Renato desde sua volta ao Grêmio na metade de 2016. Nunca faltaram motivos para os elogios. Os resultados e os desempenhos faziam este colunista reconhecer em Renato os méritos de quem comandou todos os títulos alcançados e que não estão em discussão no momento. Os gremistas que falam comigo se revelam francamente preocupados com o contexto atual do time para o qual torcem. E se assustam quando veem Renato dizer que não está preocupado, que o Grêmio vai decolar, que tem gente com amnésia e outros quetais.
Neste sábado (25), contra o Atlético MG, será preciso mais do que lançar frases ao microfone para evitar que o torcedor fique ainda mais tenso com o que vê. O Grêmio está jogando muito menos, os resultados acompanham. Quarta-feira que vem, é favorito para eliminar o Juventude na Copa do Brasil. Mas a pressão a que está submetido, mesmo sendo o ídolo inabalável que é, Renato nunca enfrentou nos últimos três anos. E não está reagindo bem a ela.
A entrevista de pouco conteúdo de Renato após o empate contra o Juventude ficou ainda mais vazia depois que Maicon, na mesma noite, reconheceu o momento turbulento que o time está vivendo. O capitão também disse que é natural a oscilação e que ocorre com outros times, inclusive gigantes europeus. Está certo. Maicon jogou bem contra o Juventude, atuou 90 minutos. Sua relação com Renato é de duas mãos. Tem autoridade para conversar com Renato e tentar encontrar com ele alternativas para o Grêmio jogar melhor do que vem jogando. A soma destas lideranças, hoje, precisa levar a um passo à frente no que é fundamental, nos resultados que o Grêmio vem tendo enorme dificuldade para obter.