A recuperação do Rio Grande do Sul após a enchente de maio surpreendeu até os mais otimistas, na visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para ele, a União foi generosa nas medidas de socorro, e elas foram determinantes para ajudar o Estado a reduzir o impacto econômico das cheias.
— Nem os mais otimistas imaginavam que nós pudéssemos fazer um plano de recuperação tão ligeiro e eficaz quanto o que foi feito pelo governo federal. Todo mundo falava num caos, dez anos para recuperar o Estado — disse Haddad, em café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira (20).
Além do aumento na arrecadação estadual, o ministro citou dados de recuperação do emprego como sinal de retorno à normalidade.
— Fomos muito cirúrgicos e generosos no sentido de atender o Estado, com as cautelas devidas de quem está tratando de recursos públicos. Temos que olhar para o copo meio cheio — sustentou.
Com o fim do período de calamidade no próximo dia 31, a coluna questionou o ministro sobre demandas do setor produtivo que ainda não foram atendidas. Sem entrar em detalhes, o ministro disse que ele e os demais ministérios seguirão atentos às necessidades do Estado em 2025.
— Lembrando que é um esforço federativo, não depende apenas da União. Não acredito que faltará apoio. É claro que, se você perguntar para quem perde, nunca vai ser suficiente no Brasil — pontuou.
O fim do período de calamidade pode dificultar a edição de novos programas de empréstimos com juros subsidiados, flexibilização de regras para acesso a financiamentos e prorrogação de tributos, por exemplo.
De acordo com dados do boletim econômico-tributário da Receita Estadual, que avalia os impactos das enchentes no comportamento da economia gaúcha, em novembro, foram arrecadados R$ 4,63 bilhões em ICMS, montante 8,9% acima da previsão inicial.
No acumulado entre os dias 1º de maio e 30 de novembro de 2024, foram arrecadados R$ 29,76 bilhões com o imposto, valor 4,9% (R$ 1,4 bilhão) superior ao que era projetado antes das enchentes.
O desempenho, segundo a Fazenda do Rio Grande do Sul, é impulsionado pela retomada da atividade econômica verificada a partir de julho, após quedas expressivas na arrecadação em maio (-17,3%) e junho (-8,9%).
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta, o governador Eduardo Leite admitiu que o governo Lula adotou medidas efetivas em várias áreas após a enchente, que contribuíram diretamente para a recuperação. Ele considera, no entanto, que muitas promessas feitas no momento crítico da crise não se concretizaram.
— Há ações do lado da habitação, muito mais lentas do que se espera nessa área, mas há. Houve uma negociação em relação à dívida do Estado, importante. Tem muitas áreas em que há (ações), mas não é nem de longe aquilo que tentam vender, que fizeram absolutamente tudo — afirmou Leite.