No primeiro debate entre os pré-candidatos à prefeitura de Porto Alegre, realizado nesta terça-feira (6), pela Rádio Gaúcha, problemas fundamentais da cidade dominaram as discussões. Como já era de se esperar, estiveram em foco as responsabilidades sobre as consequências da enchente e o futuro da Capital na prevenção de novas tragédias. A polarização Lula x Bolsonaro, que prepondera nas redes sociais e poderá ser determinante em outras capitais, ficou em segundo plano.
A pauta ideológica até foi resgatada pelo pré-candidato do Novo, Felipe Camozzato, que cobrou de Maria do Rosário (PT) um posicionamento claro sobre a Venezuela. A petista tergiversou e logo quis retomar o debate sobre a cidade. Em outro momento, Rosário citou a tentativa de golpe empenhada no Brasil por simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas o tema também não ganhou corpo.
O papel do governo federal na prevenção de enchentes foi levantado pelo atual prefeito Sebastião Melo (MDB) diante das cobranças que recebeu de todos os lados sobre supostas falhas do poder público municipal. Uma das principais lideranças do partido de Lula, Rosário defendeu o governo federal e trocou acusações com o pré-candidato à reeleição. Mas as comparações entre Lula e Bolsonaro foram deixadas de lado.
De forma discreta, Juliana Brizola (PDT) tentou se afastar de eventuais problemas envolvendo o governo federal, embora seu partido seja da base e possua um alinhamento histórico com o PT. A pré-candidata também priorizou temas da cidade e foi a única a provocar Melo sobre as suspeitas de corrupção que envolvem a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
Ainda é cedo para concluir se as questões locais seguirão como prioridade dos concorrentes até outubro. Com uma candidata do PL como vice, Melo terá de decidir se fará uma defesa enfática do legado de Bolsonaro ou se vai priorizar críticas pontuais ao governo Lula, de olho no apoio de eleitores que tenham simpatia pelo petista.
No caso de Rosário, a relação com Lula é umbilical. Ainda não está claro se ela dará mais ênfase à ligação com o presidente ou se o foco será o seu envolvimento com a cidade. Afinal, seu sucesso nas urnas também dependerá da conquista de eleitores que fogem da polarização nacional.