Alvo de buscas da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (25), o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem é amigo pessoal e de extrema confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, foi escolhido em 2020 para assumir a direção-geral da PF. Mas o ato foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois de o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixar o governo acusando Bolsonaro de interferência política na corporação.
Ao retirar o delegado Maurício Valeixo, que comandava a PF por indicação de Moro, e colocar Ramagem, Bolsonaro justificou publicamente que gostaria de ter mais informações da PF, com relatórios periódicos. Em trocas de mensagens com Moro, reclamou de não ter sido avisado com antecedência sobre uma suposta investigação contra deputados alinhados ao governo.
Ao deixar o cargo acusando o então presidente de interferência, Moro deu argumentos que foram essenciais para a decisão do ministro Alexandre de Moraes suspendendo a nomeação. O caso foi um dos principais elementos na grave crise institucional que se instaurou no país nos anos seguintes.
A relação de Ramagem com Bolsonaro e seus filhos teria começado nas eleições de 2018, quando ele chefiou a equipe de segurança na campanha. À frente da Abin, estreitou os laços e, com apoio do então presidente, se elegeu deputado federal em 2022.
Agora, Bolsonaro planeja lançá-lo na disputa à prefeitura do Rio de Janeiro. Integrantes do PL, ao qual Ramagem também é filiado, já correram para classificar as investigações como perseguição política. E, ao que tudo indica, a operação desta quinta-feira não vai abalar as pretensões políticas do ex-diretor da Abin.