Dividido e enfrentando a pior crise desde a sua fundação, o PSDB elegeu novo presidente e diretoria nesta quinta-feira (30). Diante da recusa do governador Eduardo Leite em seguir à frente do comando da sigla, houve consenso para a escolha do ex-governador de Goiás Marconi Perillo como presidente.
O cargo de maior relevância entre os gaúchos foi destinado à prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, alçada a primeira-vice-presidente. Ela já preside a sigla no Rio Grande do Sul.
Após disputas internas nos últimos anos que contribuíram para a saída de filiados e para a drástica redução de eleitos em 2022, o PSDB buscará retomar o protagonismo no cenário nacional a partir das eleições municipais. À coluna, Paula admitiu que o desafio é complexo, mas garantiu entusiasmo para mobilizar a militância e ampliar o número de prefeitos e vereadores.
— Em um país que ainda está muito polarizado, o posicionamento de centro é difícil, mas a gente acredita nisso. Nossa missão é garantir o espaço do PSDB no espectro ideológico —argumenta.
As eleições municipais serão oportunidade de uma reconexão com a sociedade, segundo a prefeita, com potencial de ser um divisor de águas na trajetória do partido. Ela ainda vê espaço para uma campanha que fuja do reducionismo "nós contra eles".
— No município, as pessoas estão preocupadas com coisas reais, mais concretas. A disputa ideológica no território municipal flui com menos facilidade porque as pessoas querem saber de solução dos seus problemas — complementa.
Na prática, o resultado do pleito de 2024 mostrará até que ponto o PSDB poderá manter o plano de ter candidato à Presidência da República em 2026, além ser ponto determinante para segurar nomes de peso na sigla.
Hoje, os líderes tucanos não abrem mão de ter candidato próprio ao Planalto. Em seu discurso já como presidente eleito do partido, Perillo reiterou que aposta em Leite como o nome do partido na corrida à Presidência.
— O nosso futuro tem nome e endereço: é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite — afirmou Perillo.
Embora a eleição de Perillo e da executiva tenha sido realizada por aclamação, a disputa deixou muitos tucanos descontentes. O nome foi bancado inicialmente pelo deputado Aécio Neves (MG), que também emplacou outros aliados na executiva. Na bancada de deputados federais, por exemplo, há queixas de que eles ficaram de fora do processo de decisão.
Principal adversário de Perillo na disputa, o ex-senador José Aníbal retirou a candidatura de última hora em nome do consenso. Até agora, porém, não houve acordo sobre quem irá comandar o Instituto Teotônio Vilela (ITV), centro de formação política do partido. Leite está no páreo da disputa.