Antes de oficializar o nome de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Lula já havia colocado o Ministério da Justiça e Segurança Pública na mesa de negociações de uma reforma ministerial. Ao final do primeiro ano de governo, o petista pretende mexer no primeiro escalão, e a pasta comandada por Dino não será ponto isolado nestas tratativas.
Aliados da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS), se anteciparam em dizer que ela deseja assumir a cadeira de Dino. A composição, porém, não é simples. A ex-senadora é considerada uma escolha pessoal de Lula. Ou seja, não contempla o seu partido. Retirá-la do atual posto também exigiria alinhamento com o titular da Fazenda, Fernando Haddad, que resiste a nomes contrários à sua linha de condução da área econômica.
Ao desenhar as mudanças, Lula ainda terá de levar em conta que o PSB, de Dino, perdeu poder recentemente com a migração de Márcio França da pasta de Portos e Aeroportos para o recém-criado Ministério das Micro e Pequenas Empresas. Na prática, foi o fatiamento da estrutura comandada por outro correligionário, o vice-presidente Geraldo Alckmin. Por isso, a sigla brigará para manter o espaço que possui.
O PT também luta para assumir a pasta, e entende que deveria ser contemplado porque foi preterido nas escolhas para o STF, em que tinha preferência pelo atual advogado-geral da União, Jorge Messias, e para a PGR, em que defendia o subprocurador Antonio Carlos Bigonha.
A intenção de Lula em discutir o substituto de Dino junto a outras mudanças na Esplanada leva em conta ainda a possibilidade de ampliar o espaço do centrão no governo. Aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não escondem o desejo de assumir outras pastas.
Já nas tratativas com lideranças do Senado, Lula está envolvido nas discussões que antecedem a eleição para a presidência da Casa. O atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP), pretende substituir Rodrigo Pacheco (PSD-MG) com o apoio do Planalto. Mas a composição esbarra em queixas de falta de espaço que vêm de outros grupos políticos.
Por tudo isso, Lula deverá escolher com cautela o novo ministro da Justiça. A estrutura é uma das mais importantes da Esplanada, e abriga inclusive o comando da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos relevantes. Para a ansiedade dos candidatos, Lula não tem data para a definição. E ao longo do ano demonstrou várias vezes não ter a mínima pressa.