
Depois que Donald Trump voltou atrás e adiou por 90 dias a aplicação de tarifas acima de 10%, com exceção da China, bolsas asiáticas e europeias disparam, enquanto índices americanos e a Nasdaq... voltam a cair. A japonesa Nikkei fechou com salto de 9,13%, enquanto a Hang Seng, de Hong Kong (China), subiu 2,06%. Na Europa, ainda estão abertas, com altas entre 4% (Londres) e 5% (Frankfurt). No Brasil, o dólar volta ao patamar de R$ 5,90, com alta de 0,93%.
Um dos motivos é óbvio: tanto as asiáticas quanto as europeias já haviam fechado, na quarta-feira (9), quando o presidente dos Estados Unidos anunciou o recuo. As americanas tiveram saltos históricos logo em seguida: 7,87% no índice mais tradicional (DJIA) e 9,52% no mais abrangente (S&P 500) da bolsa de Nova York e 12,16% na Nasdaq, de tecnologia.
Nesta quinta-feira (10), quem decolou na véspera tenta manter os pés no chão. Na abertura, o DJIA recua 1,6%, o S&P 500 baixa 2,2% e a Nasdaq cai 2,7% – todas um pouco acima do que apontavam os futuros. Os motivos vão além do óbvio, embora sejam claros. Primeiro, as tarifas mantidas são cerca de três vezes maiores do a média americana. Segundo, a incerteza plantada pelo tarifaço de Trump segue crescendo. Terceiro, ainda há alíquota em vigor de 125% para os insumos da China dos quais dependem muitas empresas... americanas.
Uma semana de turbulência custou aos mercados financeiros globais US$ 50 trilhões, conforme a Bloomberg, agência americana especializada em finanças. Isso equivale à metade do PIB da Europa na comparação da empresa que leva o nome de seu fundador, Mike Bloomberg, republicano que já foi prefeito de Nova York – portanto, outro aliado de Trump.
Também conforme a Bloomberg, pela primeira vez em quase um século, o índice S&P 500, que inclui ações de 500 empresas americanas, teve três quedas consecutivas de 4%. Foi o pior desempenho desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Os saltos da quarta-feira (9) mostraram reação igualmente inusual, mas não recuperam as perdas sofridas.
O comércio global segue desafiado, o comandante da maior economia do planeta continua a ser uma fonte de incerteza. Não são motivos triviais para manter em alta a desconfiança, maior veneno no mundo dos negócios.