O efeito líquido das sinalizações da Secretaria do Tesouro Nacional sobre os recursos da ajuda ao Estado foi um aumento da desconfiança sobre a efetiva compreensão da situação do RS e do que será de fato pago até o final do ano.
Para o economista Marcelo Portugal, professor da UFRGS, os R$ 7,2 bilhões que estão previstos para leilões de arroz e devem ser o maior valor "cancelado" pela STN são uma perda relativa:
— Os recursos para leilões de arroz nunca foram para o RS. Eram uma desculpa para beneficiar empresas do restante do país. Poderiam ser usados para outra finalidade no Estado, mas talvez seja melhor cortar, mesmo, antes que sejam usados para outra coisa e aumentem o déficit.
Portugal tem longa trajetória de defesa de ajuste fiscal e reafirma essa necessidade, mas vê dificuldade na obtenção do equilíbrio:
— O orçamento federal tem rubrica de reserva de contingência que serve para situações como a do RS. O problema é que, do jeito que o orçamento está, essa margem é zero. Não é possível usar porque a reserva já foi consumida.
O professor observa que o governo Lula mudou um hábito em política fiscal:
— O que se costuma fazer é o mal (cortes de gasto) no início e o bem (despesa maior) no final. No primeiro ano, o gasto público saiu de 18% para 19% do PIB. No fim de governo, não dá para fazer o contrário, é quando precisa gastar mais. A correção terá de ser feita pelo próximo presidente, mesmo que o atual possa ser o próximo.
Abaixo, como está atualmente a projeção de desembolso, com destaque para as áreas com maior "folga" que podem ser alvo de "cancelamento".
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