Na próxima semana, deve ser anunciada a volta do horário de verão. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) contrariou alguns especialistas e recomendou a medida.
Com a chancela do órgão técnico, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) do governo federal ratificou a indicação.
Mas se o efeito do horário de verão já não é o mesmo de "antigamente" — vigorou de 1985 a 2019 —, qual é o argumento para a volta?
Também é preciso entender o que faz o ONS: administra as linhas que levam a energia dos pontos onde é gerada até o do consumo. Não é proprietário das estruturas, mas coordena todas as empresas que atuam na área.
O Brasil passa por uma das maiores secas da história, se não a maior. Falta umidade em mais da metade do território. Conforme dados recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 53,8% da geração no Brasil vem de hidrelétricas. Com falta de chuva, não podem operar a pleno.
E vem aí o verão. Cada nova estação tem superado a anterior em temperaturas máximas. Mais calor, mais consumo. O cenário do ONS, portanto, é de forte demanda e risco na oferta. Neste ano, uma onda de calor em pleno inverno no centro do país já sobrecarregou o sistema.
Quando esse chamado "balanço de carga" fica apertado, aumenta o risco de problemas no sistema. E o calor é inimigo da estabilidade das redes elétricas. Até o final do verão, portanto, haverá gestão de estresse. Por isso, mesmo que não garanta grande economia de consumo, o horário de verão pode dar uma "folga". Não há garantia de vá funcionar, mas é melhor tentar do que lamentar.