O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A edição de julho da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS) registrou o percentual de 91,2% de famílias endividadas no Estado. Os dados foram coletados nos últimos 10 dias de junho em Porto Alegre pela Fecomércio-RS e dão mostra dos efeitos da enchente no varejo.
E o que os números dizem? Apesar de uma série de suspensões de pagamentos por 60 dias, em razão da crise climática, pela primeira vez no ano o percentual de endividados ultrapassou a marca de 90%.
No mês passado, o material, elaborado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), cravou em 91,2%, ou seja, dois pontos percentuais acima dos 89,2% apurados em junho.
Ainda assim, o desempenho fica abaixo dos 96,3% identificados em julho do ano passado.
Outro aspecto em destaque: pelo segundo mês consecutivo, houve aumento no percentual de famílias endividadas. De maneira geral, isso aponta para a piora do quadro exibido pela PEIC-RS. Isso porque, antes da tragédia climática de maio, o indicador esboçava reação, em linha com o bom desempenho do mercado de trabalho, com a estabilidade inflacionária e o alívio na taxa de juro.
Agora, o percentual da renda comprometida com dívidas aumentou de 24,6%, em junho, para 28% em julho. Entre os endividados, aqueles que se dizem “muito endividados” são 28,1%, aproximando-se de um terço.
O percentual, segundo comenta o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, é significativamente maior do que os 24,9% do mês anterior.
Aumentaram ainda os percentuais de pessoas com dívidas vinculadas ao cartão de crédito (64%) e com carnês (37,1%). O tempo médio de comprometimento com dívidas, por sua vez, também teve acréscimo, alcançando 6,5 meses, acima dos 6,2 meses da edição anterior da pesquisa.
De acordo com Bohn, será necessário avaliar os dados das próximas divulgações com bastante atenção. Segundo ele, a piora do quadro já era esperada, uma vez que, para muitos, neste momento, endividar-se é a única alternativa.
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