O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Varejista gaúcha que é case mundial em ESG, ainda mantém cerca de 10% do faturamento no Rio Grande do Sul. Em meio a um ambiente de mercado em transformação e com desafios extras no segundo trimestre apresentou lucro líquido de R$ 315 milhões, após alta de 37,1% em relação ao mesmo período de 2023. Fortes ganhos na renda bruta, aumento de 2,3 pontos percentuais na margem, fruto de estratégia mais eficientes na gestão de estoques, além de resultados positivos no braço financeiro, Realize e de Casa, Mesa e Banho, na Camicado, ajudaram a moldar o desempenho, conforme avalia o CEO, Fábio Faccio.
Como você percebe os resultados?
Eu diria que estamos muito felizes com o crescimento dos nossos resultados, mesmo com o cenário desafiador que a gente teve no trimestre. A gente tem visto também uma performance de todo o setor melhorando, evoluindo, o que mostra um bom momento para o consumo de moda no país. Tivemos um segundo semestre sólido, com um crescimento expressivo de lucro líquido, mesmo com os desafios climáticos que a gente enfrentou durante esse período. Avançamos no nosso modelo de negócio, todos os investimentos que a gente fez em tecnologia, em dados, inteligência artificial, melhoria das nossas coleções com cada vez mais moda, com as melhores tendências, com muita qualidade e isso trouxe, bastante versatilidade na nossa coleção e acho que a gente conseguiu endereçar bem, os nossos produtos para superar as expectativas dos clientes e fazer um resultado crescente.
Quais foram os desafios?
Conseguimos manter o crescimento num momento em que tivemos três grandes desafios. Na primeira metade do trimestre, o outono que foi o mais quente da história e o início de inverno também, o que atrapalha um pouco os resultados. Na segunda metade, nem é preciso lembrar o que aconteceu no RS. A nossa performance poderia ter sido melhor, mas o nosso centro de distribuição estava em fase final de implantação e transformação.
A crise climática no RS influenciou os resultados, como previam os analistas?
O RS representa 10% do nosso faturamento. Lógico que no passado era muito mais, mas esse percentual, com certeza é mais relevante pata gente do que para outras empresas nacionais, por que por ser a nossa casa, estamos mais concentrados aqui proporcionalmente, mas realmente o impacto não é tanto quanto alguns diziam. Eu diria até que o impacto foi no momento das enchentes, realmente quando a gente teve que fechar algumas lojas, teve a redução de fluxo. Na sequência, na verdade, a performance do Estado está muito positiva, acho que é uma coisa que nos anima como Estado também, porque a gente vê que as pessoas receberam muitas doações, no nosso caso é de roupas, nós ajudamos bastante também, mas também muitos clientes tanto compraram roupas novas para doar, quanto repuseram seus guarda-roupas. Na segunda metade do trimestre, com as temperaturas mais baixas, também sentiram a sua necessidade ir às compras.
A empresa está preparada para enfrentar a concorrência dos sites asiáticos que ganham relevância no mercado?
Temos a oportunidade futura de um ciclo longo de crescimento de vendas, com crescimento de margens, com crescimento de rentabilidade, mas tudo isso é consequência de uma superação de expectativas dos nossos clientes, de uma coleção melhor, de um atendimento melhor. Lembrando que é parte da experiência do cliente, toda a digitalização que a gente fez nas lojas físicas, e que a gente hoje tem, ao invés de uma forma de checkout, temos quatro. A que a gente sempre teve nos nossos caixas, nos nossos PDVs, já muito mais rápida, através do uso de tecnologia para isso, de RFID, e temos também a opção do cliente pagar pelo seu smartphone, pagar pelo smartphone do nosso colaborador, em qualquer ponto da loja, ou pagar nos nossos caixas de autoatendimento. Esse processo fim a fim, com o uso de tecnologia RFID, nós somos a única aqui na América Latina que estamos habilitados a usar dessa forma. É a mais veloz nesse tipo de atendimento, os nossos caixas de autoatendimento, os clientes têm mandado vários vídeos elogiando, dizendo que é mágico. Isso já está em 60% da nossa rede de lojas.
Então o ciclo é positivo, apesar da concorrência?
Sim, acho que temos uma grande oportunidade de crescimento contínuo daqui para frente, a gente tem uma expectativa de crescimento contínuo, independente de concorrência, e até diria, que eu falei no começo ali, que os números recentes mostram o crescimento do setor de moda no Brasil, mas principalmente do setor de moda do varejo nacional, do varejo Omni, de quem tem loja física e digital, que é o importante para a conveniência do cliente, é isso que está crescendo mais. O varejo Omni (loja física e digital) é importante para a conveniência do cliente, é isso que está crescendo mais.
É preciso estratégia distinta no online e para a venda física? É cada vez mais difícil de separar isso, porque está conectado. Temos 85% do faturamento no físico e 15% do digital, mas é bastante integrado. O físico influencia no digital, o digital influencia no físico, então a separação é só um indicador _
*Colaborou João Pedro Cecchini