Suíço que vive entre Lausanne e Genebra, Christophe Piffaretti, diretor de desenvolvimento e integrante do conselho de administração da Kempinski Hotels SA, soltou um "uau" na primeira vez em que viu a paisagem do terraço do Laje de Pedra, que passa por reformas para entrar nesse rede de luxo. Neste final de semana, visita Canela pela segunda vez para participar de uma celebração dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. E estica a viagem para ver um "terreno com coqueiros", no Nordeste, possível segundo empreendimento dos mesmos parceiros que trouxeram a rede para o Brasil. No longo prazo, avalia, a Kempinski pode ter de quatro a cinco hotéis no país.
Como o Kempinski acompanhou a enchente no Rio Grande do Sul, que terá a primeira unidade da marca na América do Sul?
O que aconteceu aqui é terrível, mas é algo que tem dimensão global. Moro na Suíça, um país muito estável, e neste ano também tivemos inundações, pessoas morreram. Vemos isso acontecendo em todo o mundo. Mas o que aconteceu aqui foi além do se poderia imaginar. Como pessoa e como empresa, estamos muito ligados porque estamos envolvidos com o Rio Grande do Sul. Os donos do Laje de Pedra, o José Ernesto e seus parceiros ajudaram a arrumar estradas e colocar as pessoas em um lugar seguro.
Como empreendedores, ficaram com medo dos efeitos?
Não temos medo de nada. E o RS não deveria ter medo. Quando algo assim acontece, também é uma oportunidade para retomar de forma até melhor do que antes. Não somos investidores, somos operadores. A Kempinski traz a marca e ensina o time local como gerenciar o hotel. Cada empresa é diferente, mas uma das nossas especificidades é o treinamento e como nos cuidamos das nossas pessoas. Não sei quantas empresas dão, em média, 9,2 horas por mês de treinamento aos seus empregados. É importante para a região, vamos contratar definitivamente muitas pessoas. Não vamos trazer 30, 40, 50, cem franceses, suíços e alemães. Poderemos ter 4 ou 5 expatriados, mas é isso. Pessoas locais serão treinadas e aprenderão muito.
Para um suíço habituado a paisagens, qual foi sua sensação ao ver o hotel pela primeira vez?
A primeira reação é a que todo mundo tem, uau. Essa é a palavra mais poderosa. Ontem (quinta-feira), percebi que não é tem só uma vista impressionante, mas uma energia de paz, um lugar muito relaxante. É um lugar mágico. Estou acostumado a ver montanhas e vales. Não é igual, mas lembra um pouco, sim.
Qual é a expectativa do Kempinski para Brasil e América do Sul a partir do RS?
A América do Sul é importante para nós, muitas pessoas estão viajando. Também há mais brasileiros ficando em nossos hotéis, seja em Dubai, seja na Europa ou em Bangkok. Claro, não viemos apenas para ficar aqui e ter o Laje de Pedra. Estou extremamente orgulhoso de ter participado desse projeto, é maravilhoso, mas não devemos parar aí. Quando falamos com os investidores pela primeira vez, disse que precisávamos de São Paulo, Rio talvez, e, claro, algo em praias lindas com coqueiros, no Nordeste, algo no Amazonas. Não tenho dúvida de que um dia alguém vai nos chamar e dizer 'você quer vir para o Uruguai?'' 'você quer ir para a Argentina?' E vamos nos espalhar assim.
Qual deve ser o próximo projeto?
Deve estar em algum lugar sob coqueiros, com uma praia branca. Estamos trabalhando nisso há dois anos, mas ainda não temos nada a anunciar.
*Colaborou João Pedro Cecchini