Depois que o dilúvio de maio levou vinhedos inteiros e até o solo onde havia esse cultivo, a perspectiva dos produtos de uva para a safra de 2025 é surpreendentemente positiva.
Segundo o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Daniel Panizzi, se as condições climáticas se comportarem como as previstas, será possível alcançar volumes de produção similares às de 2020, 2021 e 2022.
— Foram três anos com boas safras. Em 2021, foram produzidos 735 milhões de quilos em uma das maiores vindimas dos últimos 10 anos — afirma Panizzi.
Com a anunciada entrada do fenômeno La Niña, as condições são favoráveis a brotação, floração e maturação das uvas, que "gostam" de pouca chuva e muito sol. Isso permite boa concentração de açúcar e acidez ideal para produção de vinho. Não por acaso, as boas safras citadas ocorreram em períodos de estiagem no Estado.
— A chuva de maio não prejudicou o desenvolvimento das videiras, apenas intercorrências no solo. O excesso ocorreu no período onde a planta entra na fase de dormência, quando não tem ciclo vegetativo ativo — detalha.
A média histórica de chuva nos meses de maio nos últimos 20 anos foi de 112 milímetros no RS. Em Caxias do Sul, a MetSul Meteorologia registrou 845 mm no mês.
Levantamento da Emater/RS estima perda de 500 hectares de parreirais. Segundo Panizzi, produtores familiares costumam ter entre dois e três hectares, então houve cerca de 200 famílias afetadas:
— A preocupação do setor é reerguer esses produtores.
O Estado tem cerca de 45 mil hectares de videiras, o que assegura a matéria-prima para produção de vinho. A partir de quarta-feira (28), ocorre em Gramado o Connection Terroir do Brasil, realizado pela Rossi & Zorzanello com correalização do Sebrae-RS. Todo valor arrecadado com as credenciais será doado ao município de Santa Tereza, muito impactado pela enchente.
*Colaborou João Pedro Cecchini