A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) tem um orçamento modesto. Mesmo assim, decidiu ajudar o Rio Grande do Sul com aporte de R$ 8,5 milhões que serão transferidos "imediatamente" ao Senai-RS, conforme seu presidente, Ricardo Cappelli, assim que o convênio for assinado, na quinta-feira (11). Quando chegarem na ponta, são recursos que não precisarão ser devolvidos, por serem "a fundo perdido". Cappelli ficou conhecido por sua atuação como interventor na área de segurança do Distrito Federal, mas agora está focado em destravar investimentos privados no Brasil.
Como nasceu a iniciativa?
Recebemos a direção da Fiergs e, com eles, construímos a iniciativa. A ABDI é uma agência pequena, com orçamento restrito mas entendemos que poderíamos contribuir, dentro das nossas possibilidades. É um programa de apoio às pequenas e médias indústrias, focado principalmente em recuperar equipamentos e máquinas danificados. Como vai ser operacionalizado pelo Senai, também terá um alcance mais amplo, será uma espécie de consultoria para a retomada que envolve equipamentos e máquinas. Foi construído em absoluta parceria com a Fiergs.
Em quanto tempo os recursos podem chegar à ponta?
Na quinta-feira, vamos assinar o convênio e vamos passar os recursos para o Senai. E o Senai vai tratar com as empresas. De nossa parte, será um repasse imediato. Não assino protocolo de intenções, só o que está valendo no dia seguinte. Estamos confiando na Fiergs e no Senai, que vão aplicar o programa.
Qual é o papel da ABDI hoje?
O Brasil ficou oito anos sem política industrial. E como havia uma agência de desenvolvimento industrial sem política industrial, ficou meio deslocada. Com a Nova Indústria Brasil, o Geraldo Alckmin me convidou para que a ABDI possa voltar a jogar esse papel. A agência apoia o Ministério do Desenvolvimento em formulação de políticas, monitoramento e apoio à indústria nessa articulação para resolver problemas objetivos. O Rio Grande do Sul tem um problema objetivo. Agora estamos em contato com a Agência Nacional de Mineração e já terminamos com o Ibama e a Anvisa para tentar ajudar a destravar investimentos da indústria que estão travados nesses órgãos reguladores. Não por culpa da agências, que têm problemas de sistema, de modernização. O governo vai investir para dar consultoria técnica para a modernização das agências, para avançarmos com o programa Destrava Brasil. Precisamos destravar investimentos privados. Assumi há pouco mais de quatro meses e queremos recolocar a ABDI para cumprir esse papel.
Como foi possível separar esses recursos com orçamento restrito?
O que aconteceu no Rio Grande do Sul é gravíssimo, justifica as medidas de apoio emergencial que já foram anunciadas pelo presidente Lula. E essa é a contribuição da agência para ajuda a superar essa catástrofe. Fazer gestão com as carências que a gente tem, e fazer escolhas. Não se consegue atender tudo. Foi uma decisão da diretoria fazer essa contribuição. Se precisarmos adiar outros projetos, vamos replanejar para 2025. Nesse momento, nada do que fizermos terá mais impacto.
Inclusive porque problemas no Estado podem impactar o crescimento nacional, não?
Estou muito confiante de que o Brasil vai ter crescimento igual ou superior ao do ano passado. E isso não é só discurso. Os desembolsos do BNDES até agora já bateram todos os recordes dos últimos anos em aprovação de projetos e desembolso. E essas linhas regulares têm juro de mercado. Temos muitas empresas confiando no Brasil, pegando financiamento para investir no Brasil.