O mercado de câmbio anda nervoso: depois de ter cruzado o patamar de R$ 5,60, a cotação do dólar comercial - que serve para grandes operações de compra e venda - oscila entre altas e baixas nesta quinta-feira (25).
Se essa cotação mais acompanhada sobe, também eleva outra que inquieta quem tem viagens ou compras internacionais feitas ou em planejamento, especialmente em julho, mês em que muitas pessoas tiram férias. Em Porto Alegre, já é difícil encontrar câmbio turismo abaixo de R$ 6.
Quando existe, está muito pouco abaixo dessa barreira tão simbólica, que ainda não foi quebrada no comercial, ao menos em termos nominais.
No site Melhor Câmbio, que permite checar as cotações de várias casas de Porto Alegre, há cotações de até R$ 6,15 (clique aqui para ver, lembrando que a atualização é constante e os valores podem mudar) para uso em cartão pré-pago. Para compra física, só há registros acima de R$ 5,90.
O dólar comercial havia subido para o patamar de R$ 5,60 no início do mês, mas baixou para o nível de R$ 5,40 depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou cortes de R$ 15 bilhões no orçamento deste ano.
Por que o dólar comercial voltou a R$ 5,60
Nesta semana, o câmbio comercial retomou o patamar de R$ 5,60 com pressões da queda no preço de matérias-primas que o Brasil exporta, como petróleo e ferro. A lógica econômica haverá menos receita em dólares na venda e, em consequência, menos moeda americana disponível.
Não que isso signifique um grande problema para o Brasil, mas é mais um uma gota no oceano de preocupações. Na semana passada, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), reduziu sua projeção para o saldo da balança comercial no final do ano. Mas foi de US$ 92,8 bilhões para US$ 77,1 bilhões, ainda um resultado positivo robusto.
Também pesaram maus desempenhos de gigantes da tecnologia, que fizeram a bolsa especializada Nasdaq despencar 3,64% na quarta-feira (24).
Os fatores de pressão cambial
Queda nas commodities: nos últimos dias, foi o que preponderou, com redução nos preços de matérias-primas básicas. Para o Brasil, significa menos receita em dólares, embora o país siga com sólida projeção de saldo positivo na balança comercial e tenha grande reserva cambial.
Demora no início de cortes de juro nos EUA: a taxa alta lá e mais baixa aqui diminui a atratividade de investimentos no mercado financeiro no Brasil, e investidores resgatam aplicações aqui para migrar para mercados mais lucrativos.
Ajuste fiscal: o anúncio de cortes já neste ano e planejamento antecipado de redução de despesas para o próximo ano chegou a proporcionar algum alívio, mas não duradouro. Ainda há forte ceticismo de que o governo vai entregar o resultado dentro da meta ou da margem de tolerância de 0,25% do PIB.
Conflitos e eleições pelo mundo: conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hammas elevam incertezas, assim como eleições. As dúvida sobre a eleição nos EUA aumentou com a desistência de Joe Biden e sua virtual substituição por Kamala Harris.