Depois de escapar por um triz da barreira psicológica de R$ 5,30 na quarta-feira (5), o dólar fechou em R$ 5,324 nesta sexta (7). Cruzou o patamar durante o dia e por lá ficou, com alta de 1,42%.
Essa é a cotação mais alta desde 5 de janeiro de 2023, quando a moeda americana fechou em R$ 5,35. A máxima do dia foi de R$ 5,327, por volta de 16h12min.
A principal causa da alta do dia foi o bom desempenho do mercado de trabalho nos EUA, que jogou mais para frente a expectativa de corte de juro por lá. Também houve estresse com relatos de uma reunião entre investidores e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em que ele teria admitido piora no quadro fiscal.
E a tragédia do Rio Grande do Sul entrou no radar do mercado. Conforme André Leite, diretor de investimentos da Tag, uma gestora de patrimônio, a situação do Estado também pressiona o dólar.
Como? O primeiro motivo, diz, é o fato de que o governo federal teve de elevar seus gastos para socorrer o Estado. Como não havia previsão para isso e o orçamento já está apertado, será necessário emitir mais títulos e aumentar o endividamento - tudo que o mercado não gosta.
Além do efeito fiscal do RS, André aponta ainda risco de redução das exportações do Estado, com futuro aumento das importações para dar conta da demanda da reconstrução. Embora a balança comercial seja uma sólida defesa contra uma alta mais forte do dólar - a previsão de saldo positivo no final do ano é de US$ 82 bilhões, não muito longe do recorde de US$ 98,8 bilhões do ano passado - pode ser um pequeno abalo em um forte pilar.
*Colaborou João Pedro Cecchini