Tudo era possível na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que terminou nesta quarta-feira (8). Inclusive o que de fato ocorreu: uma divisão entre os nove integrantes da diretoria que compõem o colegiado.
Desta vez, venceu a parte cautelosa, que decidiu reduzir o ritmo de corte no juro básico, e a Selic passou de 10,75% para 10,50%. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes.
Preferiam ver uma diminuição de 0,50 ponto percentual Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira - os quatro já indicados pelo governo Lula.
No comunicado, o Copom afirma que houve unanimidade na avaliação de que "o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela". Por isso, todos também concordam que "a política monetária deve se manter contracionista"..
O decisão do encontro de maio havia descrita como "uma das difíceis dos últimos anos" por economistas como Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, porque o presidente do BC, Roberto Campos Neto, havia aberto várias possibilidades dado o aumento de incerteza fiscal interna e geopolítica externa.
Até o início de abril, a perspectiva dominante no mercado era de que o juro básico terminaria o ano em 9%. Já subiu para 9,5% e, no último boletim Focus, apareceu uma aposta da maioria difícil de entender: 9,63%. O número é estranho porque, como sabem todos os economistas, o juro se move em "passos" mínimos de 0,25 ponto percentual ou seus múltiplos.