Já era um enredo inacreditável, piorou um pouco mais quando o bilionário Elon Musk indagou se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem o presidente da República do Brasil "em uma coleira".
"Corajoso" o suficiente para apontar "censura" no Brasil, o dono do X (ex-Twitter), Elon Musk, não enfrenta com a mesma galhardia outros países onde esse conceito sequer pode ser relativizado.
Na China, por exemplo, de onde vem boa parte dos insumos para suas indústrias de carros (Tesla), energia fotovoltaica (Solar City) e viagens espaciais (Space X), a própria existência do X é vedada. Musk nunca reclamou publicamente.
Ao contrário, em uma publicação recente em sua própria rede, referendou a política "uma só China" - uma forma pouco sutil de manter Taiwan como parte do país, a despeito dos anseios de independência da ilha.
Assim como qualquer outra rede social americana, o X foi banido da China porque se recusou a concordar com as políticas de coleta de dados e censura explícita do governo chinês. A Tesla é muito dependente de uma unidade perto de Xangai, a Gigafactory, que produz cerca de metade dos componentes dos carros elétricos de Musk.
Mas não é só na China que a censura importa pouco ao quarto mais rico do planeta, conforme o Bloomberg Billionaires Index, atualizado diariamente (confira aqui). Um grande acionistas do X é o príncipe Alwaleed bin Talal. Em seu país, quem não segue as regras do governo - não da civilidade - não tem contas bloqueadas. O aposentado Muhammad al-Ghamdi foi condenado à morte por... publicar manifestações contra o governo saudita no X.
Então, os interesses do bilionário vão da regulação à mineração, passando pela expansão de sua rede de satélites Starlink, que já brilha mais do que as estrelas nos céus do Rio Grande do Sul. Mas não é sobre censura. Nem sobre princípios.