Nesta terça-feira (9), a preocupação com os empregos que haviam sido prometidos para executar a desmontagem da plataforma-32 no Estaleiro Rio Grande se traduziu em dois episódios da cidade portuária gaúcha.
Bem cedo, entre 5h e 6h, a conexão com o porto foi interrompida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte. Depois, o presidente da entidade, Benito Gonçalves, encenou a repetição do ato de 2015, em que se acorrentou aos portões de um dos estaleiros locais, no início do declínio das encomendas.
No final da manhã, ocorreu o primeiro ato concreto que pode ajudar a resolver o impasse. Técnicos da Petrobras e da Gerdau chegaram à Ecovix para uma vistoria das condições efetivas da plataforma. Ainda não há informações sobre o resultado da análise, mas ao menos essa providência, que estava prevista para 15 dias atrás e foi adiada, ocorreu.
Qual é o problema em Rio Grande
Para lembrar, no ano passado, a Petrobras vendeu a plataforma P-32 em leilão para a Gerdau, que contratou o Estaleiro Rio Grande para desmantelamento e posterior destinação da embarcação como sucata metálica para uso no processo siderúrgico. Esse movimento gerou expectativa de alguma retomada na atividade naval em Rio Grande.
Quando os trabalhadores iam começar os trabalhos, perceberam um forte cheiro no equipamento. Ao investigar a origem, descobriram que a embarcação tinha tinha 500 mil litros de diesel naval (bunker) e água misturada a óleo. O que deixou arrepiada a jornalista que assina esta coluna foi este relato de Benito:
— Ainda bem que surgiu o alerta com o cheiro. Já imaginou se o sindicato não intervém, e alguém tivesse ligado um maçarico para cortar a plataforma? Teria havido um desastre maior.
O que disse a Gerdau
"Todas as providências que lhe competem desde a aquisição da Plataforma P-32 foram e estão sendo feitas dentro dos preceitos e limites legais, respeitando, sempre, seu compromisso constante com o meio ambiente e a saúde e segurança de seus colaboradores, prestadores de serviço e sociedade. (...) está atuando incessantemente para retomada das atividades de desmantelamento, no menor tempo possível, dentro das condições previstas no leilão."
O que disse a Petrobras
"No ano passado, a Petrobras vendeu a Plataforma P-32 em leilão de alienação para a Gerdau, que contratou o Estaleiro Rio Grande para desmantelamento e posterior destinação da embarcação como sucata metálica para uso no processo siderúrgico. Quando a unidade, agora já pertencente à Gerdau, chegou ao estaleiro para iniciar as atividades de desmonte, constatou-se um desalinhamento entre a expectativa da Gerdau e a real condição de limpeza da plataforma, notadamente quanto à presença de resíduo. Por conta disso, parte das atividades foram interrompidas. Estamos tratando com a Gerdau as responsabilidades e providências necessárias para solução desta pendência e continuidade do processo de desmantelamento respeitando os requisitos de segurança, legais e ambientais."