Em janeiro, quando voltaram de férias coletivas animados pela perspectiva de retomada de atividades mais significativas no polo naval de Rio Grande, os trabalhadores da Ecovix começaram a se aproximar da plataforma P32, que deveria ser desmontada no fim de sua vida útil.
Em seguida, um forte cheiro parecido fez alguns começarem a passar mal. Ao tentar encontrar a origem, descobriram que a embarcação tinha tinha 500 mil litros de diesel naval (bunker) e água misturada a óleo.
Parecia simples: basta retirar esse material e começar os trabalhos. Mas ao relatar à Ecovix, ouviram que a empresa havia recebido R$ 24 milhões para fazer a desmontagem do equipamento, mas esse tipo de limpeza custaria mais do que isso. O resultado é que a P32 está parada há três meses no segundo maior dique seco do planeta - e há ameaça de demissões na empresa.
— Não deu nem tempo de comemorar as 200 vagas que disseram que seriam criadas, com foguetório em Rio Grande mesmo para tão pouco, e voltaram as demissões. Já ocorreram oito, e avisaram que se não houver solução, haverá mais 80 — lamenta Benito Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte.
Conforme o dirigente sindical e a Ecovix, a plataforma chegou a Rio Grande com um atestado de que havia passado por limpeza dos tanques e estruturas.
— Ainda bem que surgiu o alerta com o cheiro. Já imaginou se o sindicato não intervém, e alguém tivesse ligado um maçarico para cortar a plataforma? Teria havido um desastre maior — relata Benito.
Mesmo que o "desastre" não tenha ocorrido, o sindicalista pondera que a embarcação parada no dique seco ainda representa risco de vazamento do combustível para o mar, porque a pescaria também é uma atividade econômica relevante em Rio Grande.
— Estamos todos esperando. A Petrobras não se manifesta, a Gerdau também não e a Ecovix começou a demitir. Cadê a Petrobras que não se manifesta? Os estaleiros do Rio de Janeiro estão bombando, acho que se esqueceram do Sul. Desmataram uma enorme área verde aqui para criar o segundo maior dique seco do mundo, que agora não é usado — desabafa Benito.
A coluna fez um pedido formal à Petrobras e à Gerdau para que se manifestem sobre o problema e vai publicar assim que receber resposta.
O que diz a Gerdau: A Gerdau declara que todas as providências que lhe competem desde a aquisição da Plataforma P-32 foram e estão sendo feitas dentro dos preceitos e limites legais, respeitando, sempre, seu compromisso constante com o meio ambiente e a saúde e segurança de seus colaboradores, prestadores de serviço e sociedade. Declara, ainda, que está atuando incessantemente para retomada das atividades de desmantelamento, no menor tempo possível, dentro das condições previstas no leilão. Por fim, reforça que o STIMMMERG está agindo em seu direito constitucional de manifestação, que será sempre respeitado pela Gerdau.