Havia expectativa de que a audiência com líderes de big techs no Comitê Jurídico do Senado dos Estados Unidos fosse tensa. Mas ninguém estava preparado para uma declaração do senador republicano pela Carolina do Sul, Lindsey Graham:
— Vocês têm sangue nas mãos. Vocês têm produtos que matam pessoas.
E menos ainda se esperava a reação: foi interrompido por aplausos da maioria dos presentes.
— Vocês podem ser processados, e vocês devem ser processados. Agora é hora de rejeitar a seção 230 — prosseguiu o senador.
A "seção 230" é uma legislação federal que dá imunidade a sites e plataformas por decisões de moderação de conteúdo e a processos baseados em conteúdo gerado por usuários. Empresas como Meta (Facebook, Instagram e Whatsapp), TikTok, Snap, Discord and X estavam representadas por seus CEOs ou principais acionistas.
Graham justificou a acusação citando Brandon Guffey, deputado estadual também republicano da Carolina do Sul, cujo filho de 17 anos se suicidou. O pai está processando a Meta de Mark Zuckerberg. Ao tentar entender o ato do filho, Guffey descobriu que ele estava sendo chantageado com base em nudes. Presente na audiência, Zuckerberg esboçou um pedido de desculpas a famílias de vítimas como o filho do parlamentar:
— Sinto muito por tudo que vocês passaram. Ninguém deveria enfrentar o sofrimento que suas famílias enfrentaram, e é por isso que nós investimos tanto e vamos continuar fazendo esforços, como setor, para nos assegurar que ninguém vai passar pelo sofrimento que vocês passaram.
A mistura duas citações ao "sofrimento" das famílias na mesma frase de "investimentos do setor" não ajudou. Em resposta, o senador do Missouri, também republicano, Josh Hawley, disse que, "como bilionário", Zuckerberg deveria "compensar" as famílias que tiveram filhos afetados por suas plataformas.
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