A antifaçanha ganhou um antiprêmio: ainda na segunda-feira (4), o Brasil foi indicado como "Fóssil do Dia" na cúpula do clima de Dubai, a COP28.
A escolha da rede de organizações não governamentais (ONGs) Climate Action Network (CAN) foi atribuída à decisão do Brasil de aderir à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), ainda por cima em plena realização da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas.
Na nota em que comunica e justifica a escolha do "Fóssil do Dia", a CAN afirma que "o Brasil é o vencedor do Fóssil do Dia porque parece ter confundido a produção de petróleo com liderança climática. A corrida do Brasil ao petróleo mina os esforços dos negociadores brasileiros em Dubai que estão tentando romper velhos impasses e agir com senso de urgência". A organização reúne mais de 1,9 mil entidades de 130 países.
Depois de bater muita cabeça, o governo Lula, por meio do próprio presidente, admitiu a adesão, ainda que com o argumento de que o país será mero "observador". O antiprêmio, inclusive, foi dado depois de Lula dar declarações de que o objetivo do ingresso seria incentivar os demais sócios a adotar alternativas limpas.
Fez de conta que desconhece o principal objetivo do cartel: manipular o preço do petróleo de forma a obter o maior retorno possível e, ao mesmo tempo, barrar a competitividade das fontes de energia alternativas. E fez isso justo quando o Brasil se candidatava a ser o líder das mudanças climáticas e já sonhava com o momento em que o Acordo de Paris daria lugar ao Acordo de Belém, com a COP30, que será em Belém (PA) e deverá abrigar uma nova rodada de compromissos de países com a redução de emissões.