O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A abertura dos portões do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, não é aguardada apenas por quem atua diretamente no agronegócio. A Expointer, que movimentou R$ 34,2 milhões nos comércios instalados na feira do ano passado, também é um vetor de oportunidades para empreendedores. Nos setores que envolvem artesanato, confecções e malharias, há um resgate cultural que muitas vezes serve de diferencial competitivo.
No primeiro dia de feira, a coluna encontrou entre os estandes, uma estreante que é pioneira no país a utilizar o favo – bastante comum nas bombachas e que remete à tradição da Fronteira e das Missões no Século 19 – em uma linha de camisas femininas, um detalhe que não passa despercebido pelos visitantes. Marca registrada da Campesina Gally, a Campesina nasceu há dois anos e, hoje, já é encontrada em 10 cidades do Estado, mas também em São Paulo, no Rio de Janeiro e tem propostas de parceria na Argentina.
A idealizadora e proprietária, Silvana Frederich conta que a ideia surgiu aos oito anos de idade, quando observava a avó costurar os favos na bombacha do avô. Na época, ela anunciava: “um dia vou fazer camisas com favo”.
Projeto cumprido a risca tempo mais tarde, ela resume, agora, o papel da feira, em Esteio, para o ganho de escala do negócio, com sede em São Borja, na Fronteira Oeste:
– A Expointer é o expoente de negócios do Estado. É o agro, o cavalo, o gado e nesse ambiente a marca surgiu e não poderia deixar de estar aqui. A partir da Expointer, ganhamos novo patamar. Algumas portas já se abriram para consolidar uma nova rede de negócios.
Da primeira peça produzida em casa até hoje, quando a empresas passou contar com 16 profissionais contratadas na confecção, a capacidade aumentou para cerca de 300 unidades mensais. As camisas são destinadas ao varejo e ao atacado.
Fechar novos negócios e ampliar a presença no mercado é o alvo. Para atingi-lo estão programados três lançamentos até o próximo domingo (3) e depois será hora de colher os frutos. São itens que usam referências do cavalo crioulo, a rotina do campo e, é claro que não poderia faltar, o favo.
AETESANATO
Na mesma linha os 175 artesanatos presentes em Esteio em 2022 movimentaram R$ 1,5 milhão em vendas. Na edição 2023, são 196, alta de 12%, que deve ter reflexos nas vendas. Entre os produtos ofertados por representantes de 55 municípios do RS, estão bijuteria, couro trançado, bichos e bonecos, crochê, patchwork, tecelagem, entalhe em madeira, cutelaria, argila, pintura em tecido, biscuit, escultura em gesso, tricô, típico regional, macramê, marchetaria, resina, dobradura, vidro, metal e porongos.
Ufa, a lista é longa e reconstitui um verdadeiro passeio pelas raízes culturais do Estado. Nas vestimentas, por exemplo, no estande 29, Nei Dutra trabalha com ponchos em lã crua, fiada e tecida artesanalmente. No 31, um grupo de sete pessoas usa a fiação e tecelagem em xales, mantas e ruanas. Rosicler Santos e Fernanda Vons produzem roupas com pintura em tecido. É visitar para se encantar.