Há um mês, quando a Petrobras anunciou o fim da Paridade de Preços de Importação (PPI) e redução de preços de combustíveis, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda havia "gordura" para cortar mais quando fosse retomada a tributação do combustível.
Nesta quinta-feira (15), duas semanas depois que entrou em vigor a nova forma de cobrar impostos sobre a gasolina, um valor fixo - R$ 1,22 por litro - em vez de um percentual sobre o preço de venda, a estatal cortou mais 4,7% nos preços das suas refinarias.
Nesse período, a cotação do barril de petróleo tipo brent (referência global) chegou a cair para US$ 71, mas nesta quinta-feira (15) sobre 2,4%, para US$ 74,96. Em 16 de maio, data do corte anterior, estava em US$ 74,72 - mesmo patamar atual. Conforme o acompanhamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), até a véspera - sem contar com a alta de hoje - os preços nacionais ainda estavam entre 4% e 5% abaixo dos valores de referência internacional.
Quando houve adoção da nova forma de tributação - uma mudança positiva, na avaliação de agentes do setor, por contribuir com a estabilidade de preços -, os postos superfaturaram os preços, que subiram para a faixa de R$ 5,49 - valor mais frequente na Grande Porto Alegre. O óbvio exagero já havia substituído essa marca para a faixa de R$ 5,29. Agora, terão de moderar ainda mais, embora a redução modesta de R$ 0,13 nas refinarias não seja suficiente para levar a gasolina abaixo de R$ 5.
Mas a nova redução faz sobrancelhas levantarem no segmento. Vem em dia de alta no petróleo, aparentemente descolado das referências internacionais e mais frequentes do que havia sinalizado o próprio presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que prometeu "reajustes menos frequentes, menos voláteis". Parece que quem tinha razão, no final, era mesmo Haddad, com sua agenda de baixar inflação para garantir que o Banco Central (BC) não tenha outra opção a não ser baixar o juro básico. Ao menos, em agosto.