O "caso Americanas" mudou de patamar já no início da noite desta sexta-feira (13). Como uma réplica de terremoto, a informação de que a companhia obteve uma tutela de urgência cautelar que suspende bloqueios, sequestros ou penhoras de bens da empresa veio acompanhada da estimativa das dívidas de R$ 40 bilhões.
Tomada de forma emergencial, a medida tem duração de 30 dias, período no qual a companhia vai avaliar se entra com pedido de recuperação judicial de mesmo valor. O fato relevante (clique aqui para ler) apareceu na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), depois das 20h.
No documento, a empresa argumenta que "tendo em vista a urgência na adoção de medidas de proteção da Companhia e das demais empresas do Grupo Americanas (...) julgou que a apresentação de pedido de tutela de urgência seria a medida mais adequada, neste momento, para (i) preservar a continuidade da oferta de serviços de qualidade a seus clientes (consumidores, sellers, merchants, fornecedores, parceiros e o nosso time), dentro dos compromissos assumidos com todos os seus stakeholders, (ii) preservar o valor da Companhia e do Grupo Americanas, e (iii) assegurar a manutenção da continuidade de seu negócio e sua função social".
A decisão foi tomada depois que a empresa teve uma de suas notas de risco (rating), dada pela agência Fitch, alterada para o nível "default", ou seja, de inadimplência. A informação está disponível no site de relacionamento com investidores da Americanas (clique aqui para ver).
Ainda segundo o colunista de O Globo, no pedido de tutela a Americanas informa que "as inconsistências contábeis exigirão reajustes nos lançamentos da companhia, o que poderá impactar nos resultados finais divulgados nos respectivos exercícios anteriores, com alteração do grau de endividamento da empresa."
Esse era o grande temor no mercado, o de que as "inconsistências" provocassem necessidade de revisão dos balanços de períodos anteriores. Isso significa que o problema é muito mais grave do que se imaginava, e deve provocar reações em cadeia tanto no mercado financeiro quanto para fornecedores e credores - no caso, vários bancos. Embora listas de credores da Americanas que circulam no mercado incluam o Banrisul, a coluna checou com o banco, que garante não ter qualquer pendência com a companhia.