Assim como na reunião anterior, a hipótese de uma "zebra" na decisão que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) tomará no final da tarde de quarta-feira (26) é bastante improvável.
O mercado dá sinais de temor de uma virada de jogo ali adiante - ao longo de 2023 - , mas o Copom da Copa deve repetir o quadro da reunião pré-eleitoral e trocar bola no centro do campo, sem gol contra.
O clima será de jogo decisivo, em uma legítima superquarta verde-amarela. Por coincidência - o calendário das reuniões do Copom é definido no ano anterior -, a decisão será tomada em momento crucial: no mesmo dia da possível aprovação da PEC da Transição, ao menos no Senado, e da análise da constitucionalidade do orçamento secreto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Dependendo do ritmo dos trabalhos do Legislativo e do Judiciário, a calibragem do Copom poderá ser definida com o conhecimento do impacto fiscal das duas "licenças para gastar": a do Executivo e a do Legislativo. A PEC 32/2022 já está praticamente definida em dois anos
Embora tenham aparecido mais as variações de dólar e bolsa, um dos indicadores mais afetados pela discussão sobre o tamanho da expansão fiscal foi exatamente o juro futuro, que baliza o custo do financiamento de longo prazo, essencial para investimentos produtivos. A alta embute a expectativa de que o futuro governo vá ao mercado em busca do dinheiro para gastar mais do que arrecada: os potenciais futuros credores pretendem cobrar caro.
A proposta de tirar do teto de gastos R$ 198 bilhões sem prazo definido fez esse custo chegar aos níveis mais altos desde 2016 (14,57% para janeiro de 2024). É um sinal de temor de que o BC adie o início dos cortes na Selic previstos para meados de 2023 caso o waiver pretendido pelo futuro governo represente expansão fiscal, e de que possa até elevar a taxa novamente para conter eventuais reflexos na inflação.