Apesar de a produção de veículos ter aumentado 19,3% em setembro em relação ao mesmo mês de 2021, o tempo de espera por um carro zero quilômetro ainda chega a nove meses, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta sexta-feira (7).
Se não fosse a falta de insumos, que ainda atrapalha as montadoras, a venda seria maior porque há demanda reprimida, detalhou o executivo, que projetou um "dezembro mágico", com venda entre 235 mil e 240 mil veículos:
— Dezembro é um mês em que as revendas querem limpar o estoque, as fábricas se planejam para férias coletivas no início do outro ano, então é um mês mágico para o setor.
Em conversa com um pequeno grupo de jornalistas, entre os quais a coluna, Lima Leite chegou a dizer que seis meses de espera era "uma boa média para alguns modelos de volume (de vendas)". Detalhou que, para certas marcas, o prazo encurtou e, para outras, aumentou. A coluna quis saber se existe uma média, detalhou:
— Ontem (quinta, 6), estava falando com um diretor comercial para ter um termômetro, ele relatou que há um modelo com nove meses para entrega. O consumidor compra hoje sabendo que vai receber em nove meses. Isso ainda é efeito da limitação de insumos, principalmente de semicondutores. As montadoras avaliam se colocam 2,5 mil chips em um modelo ou faz três de outro que exige menos e dá vazão que vai evitar o colapso da cadeia de suprimentos.
Outra preocupação das montadoras é com a situação na Argentina, onde "acendeu a luz amarela", na descrição do presidente da Anfavea. Em negociações com o governo Fernández realizada há dois meses, surgiu um pedido de prazo de 60 dias para normalizar as restrições a importações vigentes desde julho. Nesse período, era o argumento, a situção das reservas cambiais no país melhoraria.
— Esse prazo está vencendo, e se não houver recuperação nesses fluxos, o que significa liberação, vai impactar nossas importações. Estávamos comemorando muito o volume de exportações, um recorde histórico da série mais recente, e agora houve uma queda considerável, por imposição de cotas na Colômbia e por não liberação das importações na Argentina.
A coluna foi checar a situação oficial das reservas internacionais da Argentina. Em 4 de julho, mês em que as novas restrições foram adotadas, estavam em US$ 42,4 bilhões. No último dia 4 (mais recente disponível), ficaram em US$ 37,8 bilhões. Ou seja, o quadro não só não melhorou, como piorou.