Diante da persistente falta global de semicondutores, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está envolvida em um esforço para reforçar a produção desses componentes para o Brasil.
Em conversa com um pequeno grupo de jornalistas nesta terça-feira (10), o novo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, afirmou que o papel das montadores nesse processo não será investir em grupo, mas ajudar na atração de investidores ao Brasil.
O executivo confirmou a informação dada à coluna pelo presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Semicondutores (Abisemi), Rogério Nunes, de que várias entidades estão envolvidas nessa missão. Além de Anfavea e da Abisemi, Nunes citou a Abinee (equipamentos eletrônicos) e o Sindipeças (componentes para veículos).
— Queremos trabalhar na atração de investimentos. Há interessados com capacidade para produzir e investir. Existe um acordo de confidencialidade, então não podemos mencionar nomes, mas é um estudo aprofundado, não está só no papel. É um debate que vem ocorrendo semanalmente — afirmou o presidente da Anfavea.
Segundo Leite, o que se buscou foi a organização dos interessados no tema. Todos entendem que não é "algo fácil", que não sairá do papel "de uma hora para outra", mas é um momento que o Brasil não pode perder. Além de semicondutores, faltam outros componentes, alertou o executivo da Stellantis (união global de Fiat Chrysler com o francês PSA, de Peugeot e Citroën):
— Falta borracha. Imagina o Brasil não ser autossuficiente em borracha. Faltam cabos, há demanda por outros componentes e insumos. Em viagem a alguns países, o ministro (Paulo Guedes, da Economia), também voltou com a lógica de que é hora de dar uma organizada nessa desorganização global do setor produtivo.
A coluna quis saber se a isenção da alíquota de importação do aço com a qual o governo federal passou a acenar era um dos pleitos da indústria automotiva e resolveria parte dos problemas de custo das montadoras. Lima negou:
— O Imposto de Importação é regulatório, não arrecadatório, cuja alíquota o governo baixa ou eleva conforme o que quer equilibrar. O objetivo declarado é combater a inflação. Esse pedido nunca esteve na nossa pauta com o governo. Temos atenção especial e cuidado quando falamos em redução de Imposto de Importação porque sabemos que, para a indústria nacional ser competitiva, é preciso olhar também para quem investe no país.
O presidente da Anfavea afirmou, ainda, que a maioria das montadora já está com compras fechadas e não devem ser beneficiadas caso a redução se confirme, com eventuais exceções.