Nova controladora da área de distribuição da CEEE, a Equatorial Energia anunciou nesta sexta-feira (23) a compra da Celg Distribuição, por R$ 1,57 bilhão que serão pagos em dinheiro e na data do fechamento da operação. Com a aquisição, a Equatorial passa a ser a terceira maior empresa do segmento no Brasil.
A companhia, que atua em Goiás, havia sido privatizada em novembro de 2016, em situação muito semelhante à da CEEE, para a italiana Enel. Diferentemente da CEEE-D, que atende só parte do Rio Grande do Sul - Região Metropolitana e sul -, a Celg atua em todo o Estado.
Um dos compromissos assumidos pela Equatorial foi reestruturar empréstimos de R$ 5,71 bilhões da empresa adquirida e quitá-los totalmente em 12 meses. As informações constam de fato relevante publicado pela companhia (leia íntegra abaixo). Em teleconferência para analistas de mercado, Augusto Miranda, CEO da Equatorial, afirmou que o financiamento da compra está "100% equacionado", portanto não envolve riscos extras.
Havia expectativa de venda da Celg, mas a compra pela Equatorial foi recebida com certa surpresa no mercado, exatamente pela quantidade de aquisições que a companhia vem fazendo em sequência. E nesse caso, o negócio prevê desembolso total de R$ 7,28 bilhões em prazo relativamente curto. No caso da CEEE-D, a companhia também assumiu passivos estimados, à época, em R$ 4,1 bilhões.
O tamanho do passivo da Celg se explica exatamente pela delicada situação financeira em que a empresa estava na época da privatização, com alto endividamento, que de certo modo inspirou a venda da CEEE-D. Apesar do endividamento, a companhia tem caixa, observou Leonardo Tavares de Lima, diretor financeiro e de relações com investidores:
— É a primeira empresa com patrimônio líquido positivo que compramos.
FATO RELEVANTE
"A Equatorial Energia S.A. (“Equatorial” ou “Companhia”), em cumprimento ao disposto no art. 157, § 4.º, da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada, e nos termos da Resolução CVM nº 44, de 23 de agosto de 2021, informa a seus acionistas e ao público em geral o quanto segue: Nesta data foi celebrado o Contrato de Compra e Venda de Ações (“Contrato de Compra e Venda”) entre Equatorial Participações e Investimentos S.A., uma sociedade controlada pela Companhia, na qualidade de compradora (“Compradora”) e Enel Brasil S.A., na qualidade de vendedora (“Vendedora”), com interveniência e anuência da Companhia, como garantidora, e da Celg Distribuição S.A. – CELG D. (“Celg-D” e “Contrato de Compra e Venda”). Nos termos do Contrato de Compra e Venda, as partes acordaram, dentre outras matérias, a aquisição pela Compradora de 282.965.232 (duzentos e oitenta e dois milhões, novecentas e sessenta e cinco mil, duzentas e trinta duas) ações ordinárias, representando 99.964% do capital social votante da Celg-D (“Operação”). No âmbito da Operação, a Compradora pagará à Vendedora R$ 1.575.000.000.00 (um bilhão, quinhentos e setenta e cinco milhões de reais), sujeito a correção pela variação do CDI desde a data base de 31 de março de 2022 (“Data Base”) até a data do fechamento, e a ajustes positivos ou negativos decorrentes, dentre outros, de variação do seu endividamento líquido e ativos líquidos entre a Data Base até a data do fechamento (“Preço de Aquisição”). O Preço de Aquisição poderá ainda ser acrescido de earn-out em função de pagamentos e recebimentos de contingências, nos termos do Contrato de Compra e Venda. A conclusão da Operação está sujeita a determinadas condições precedentes usuais a este tipo de transação, incluindo, mas não se limitando à: (a) aprovação da Operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (“CADE”); e (b) aprovação da Operação e de um Plano de Transferência de Controle da Celg-D pela Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”), que poderá incluir, dentre outros, flexibilidade e/ou ajustes nos parâmetros regulatórios da concessão. Adicionalmente, o Contrato de Compra e Venda prevê a reestruturação dos empréstimos existentes entre a Celg-D e a Vendedora e outras sociedades do seu grupo econômico, no valor de R$ 5.717.358.000,00 (cinco bilhões, setecentos e dezessete milhões, trezentos e cinquenta e oito mil reais), na Data Base. Nos termos de referida reestruturação, a Celg-D obrigou-se a pagar os empréstimos no prazo de até 12 (doze) meses após o fechamento da Operação. Por fim, a Companhia declara que, nesta data, não tem a intenção de promover, no prazo de 1 ano, o cancelamento do registro de companhia aberta da Celg-D. Com a Operação, a Companhia diversifica a sua atuação no segmento de distribuição de energia para mais uma região geográfica, demonstra o seu olhar único para a identificação de oportunidades, pautado pela disciplina financeira na alocação de capital, e reforça seu papel consolidador no segmento de distribuição, ampliando as oportunidades de geração de valor como player integrado no setor de energia e adicionando mais de 3,3 milhões de clientes à nossa base. O Banco BTG Pactual atuou como assessor financeiro exclusivo da Equatorial na transação. A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre quaisquer atualizações relevantes relativas à Operação." São Luís, 23 de setembro de 2022. Leonardo da Silva Lucas Tavares de Lima Diretor Financeiro e de Relações com Investidores