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Chegou a vez da gasolina: com a redução na cotação internacional do petróleo, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (16) redução de 4,85% no preço do combustível da classe média.
Chama atenção o percentual mais alto do que as duas baixas isoladas já aplicadas no diesel, a primeira de 3,56% e outra de 4,07% (claro, na soma o diesel já baixou quase 8%). O ajuste deve abrir ainda mais a diferença entre os preços dos dois combustíveis, que antes do anúncio já chegava a R$ 1,45, como a coluna registrou em imagem acima.
Mas afinal, por que o diesel, que sempre foi mais barato, agora ficou não apenas mais caro, mas muito mais caro? Como todo fenômeno complexo, não tem apenas uma causa. Uma das principais é a maior dependência de importação de diesel do que de gasolina no Brasil. Esse é um dos motivos pelos quais o preço do combustível dos caminhões caiu com mais intensidade no Exterior do que por aqui.
É por esse motivo que a Petrobras - sob outra direção - alertou para o risco de escassez neste segundo semestre (leia abaixo o diagnóstico mais completo das pressões sobre o diesel). Além disso, boa parte da queda já registrada no preço da gasolina decorre da redução na cobrança de ICMS, que não valeu para o diesel.
A grande questão, para a qual infelizmente não há resposta satisfatória, é quando o diesel voltará a custar menos do que a gasolina. Exatamente por ser resultado de vários fatores, entre os quais uma guerra que ninguém sabe quando - e como - vai terminar, é muito difícil de prever. Analistas bem atualizados, porém, advertem que dificilmente o preço do diesel vá cair muito antes do final deste ano, ou antes do final do inverno no Hemisfério Norte, o que nos leva a pelo menos abril de 2023. Isso, claro, a menos que ocorra algo fora de cenário, o que já não é improvável.
Por que o diesel subiu tanto
As pressões começaram antes da guerra na Ucrânia, com a redução de investimentos em refino, atividade considerada pouco rentável, e a transição energética, que desviou recursos para outras fontes de energia.
A Rússia responde por quase 25% das exportações globais de diesel e ainda fornece produtos complementares a refinarias europeias. Com a guerra, esse suprimento encolheu.
Além disso, para obter diesel com menor teor de enxofre, exigência ambiental em países mais desenvolvidos e em grandes cidades no Brasil, usa-se gás natural, cuja cotação também disparou, deixando o processo mais caro.
A maior dependência de diesel significa maior dificuldade de cobrar abaixo da referência internacional. Se isso ocorre, os importadores não vão querer comprar diesel mais caro lá fora para vender mais barato no Brasil.
Outro fator que desequilibrou os preços foi a dificuldade de reduzir mais os impostos sobre o diesel. A gasolina tinha alíquotas elevadas de ICMS, que em alguns Estados chegavam a 35%. No caso do diesel, a média era de 13%. Portanto, o combustível dos caminhões não foi atingido pela medida que cortou o tributo estadual de gasolina, eletricidade, telecomunicações e transportes públicos.