A diretoria da Petrobras enviou, no início da semana, ofício ao Ministério de Minas e Energia (MME) reforçando o risco de desabastecimento de diesel no país, confirmou uma fonte próxima ao assunto. A informação já havia sido apresentada às autoridades brasileiras em reunião do grupo criado para acompanhar os estoques brasileiros de petróleo e derivados, enquanto a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural de Biocombustíveis (ANP) não assume essa função.
O objetivo do ofício, segundo a fonte, é evitar que uma provável escassez de combustível prejudique a companhia, que já vem alertando há algum tempo o governo sobre o problema de abastecimento.
No ano passado, ainda na gestão do general Joaquim Silva e Luna, a estatal já alertava para a redução da oferta e que não conseguiria atender todo o mercado.
Após conceder os reajustes, Silva e Luna foi demitido, assim como ocorreu com o atual presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho.
Sem importar, a Petrobras só consegue abastecer metade do mercado de diesel no país. Se os preços não forem alinhados ao mercado internacional, conforme vem sendo defendido pela companhia, haverá falta de produto.
Um "racionamento seletivo" de diesel já está ocorrendo, segundo o ex-presidente da Fecombustíveis, recém-saído do cargo, Paulo Miranda.
Nos postos com bandeira (com a marca das distribuidoras) não existe ameaça de desabastecimento no momento, mas os postos de bandeira branca (sem marca) já estão com problemas para adquirir diesel, segundo ele.
O diesel registra, nesta sexta-feira (27), defasagem de 4% no mercado interno em relação ao mercado internacional. Para se equiparar aos preços externos, a Petrobras teria de dar um aumento de R$ 0,19 por litro de diesel.
O alto preço do combustível tem preocupado os caminhoneiros, que ameaçam parar novamente o Brasil, como fizeram em 2018. Importadores argumentam que não conseguem importar se a Petrobras não alinhar os preços, já que teriam prejuízo ao trazer o produto mais caro de fora para vender mais barato no país.