A gaúcha Grendene obteve números positivos no segundo trimestre deste ano: a receita bruta foi 46,5% superior à do mesmo período de 2021, puxada pelo mercado interno, onde subiu 49,4%, enquanto no externo avançou 37,4%. Segundo Alceu Albuquerque, diretor de Relações com Investidores da calçadista, o que abriu caminho foi a decisão de não repassar aos preços todos os aumentos de matérias-primas.
Não é todo dia que a coluna ouve esse tipo de relato. Por isso mesmo, vale entender melhor. Segundo Albuquerque, desde que a pandemia transformou planejamento e gestão de custo em pandemônio, a indústria gaúcha fez três reajustes: um em outubro de 2020, outro em janeiro de 2021 e o mais recente, no primeiro mês deste ano.
— Como a maior parcela das nossas vendas é para a população de menor renda, evitamos ao máximo reajustar preços. Isso comprimiu as margens. Mas como o volume aumentou, nos deu escala e reforçou a empresa. Foi uma estratégia vencedora. Desde o início deste ano, os preços das principais matérias-primas começaram a recuar, e vão passar a refletir em redução de custos no terceiro trimestre — relata o executivo.
A linha Melissa, detalha, teve aumento de receita bruta de 57%. O diretor de RI relata que a resina da PVC, principal matéria-prima da Grendene, subiu 165% de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. De lá para cá, caiu 20%. Por isso, tem perspectiva muito positiva para o segundo semestre.
— Nossa estratégia ajudou a manter o volume positivo, e agora a redução de custo terá um impacto positivo nas margens no segundo semestre, que representa de 60% a 65% das nossas vendas. Pelos pedidos já recebidos, os dois primeiros meses do terceiro trimestre também serão fortes.
No segundo trimestre, a Grendene alcançou lucro líquido de R$ 65,7 milhões, 98% acima de igual período do ano passado. A receita bruta total saltou 46,5%, para R$ 641,4 milhões; enquanto o volume de pares vendidos alcançou 31,7 milhões, alta de 34,9%.
No ano passado, a Grendene decidiu investir R$ 30 milhões em sua produção no Ceará. O Estado nordestino concentra toda a fabricação de produtos do grupo. No Rio Grande do Sul, permanecem em Farroupilha a administração, o desenvolvimento de produtos e a matrizaria. A área de inovação foi instalada no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, e em dois anos contratou uma centena de profissionais.