No início de maio, surgiu um assunto pouco usual no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC): para efeito do cálculo de inflação, seria adotada "a hipótese de bandeira tarifária amarela em dezembro de 2022 e dezembro de 2023".
A coluna fez um périplo no setor elétrico para tentar verificar o risco de volta da bandeira amarela e colheu a informação de que o Comitê Ministerial do Setor Elétrico (CMSE) sugeria que não haveria necessidade de bandeira extra até novembro. Ponto.
O alerta voltou a aparecer no comunicado da semana passada e na ata do Copom publicada na terça-feira (21). Mas, ao contrário de outros temas, foi tratado de forma muito sintética até na ata, que costuma detalhar o comunicado. Na ata, o texto é praticamente igual ao dos comunicados do início de maio e do final de junho: "Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária amarela em dezembro de 2022, de 2023 e de 2024".
Se o Banco Central estiver certo, melhor se preparar para outro choque na conta de luz depois da eleição: a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumentou a bandeira amarela "anunciada" pelo Copom em 59,5%, de R$ 1,874 a cada 100 quilowatts (kWh) consumidos para R$ 2,989. Convenhamos, não há motivo para o BC advertir para uma alta de preços que não tem alta probabilidade de ocorrer.