Quem se deu ao trabalho de se informar antes de colocar recursos do FGTS em fundos de ações da Eletrobras sabia: havia uma oportunidade e havia riscos.
Nos primeiros dias que se seguiram à reserva para 370 mil cotistas do FGTS, as ações da Eletrobras deram um susto: desabaram na sexta-feira (10), com tombo de 4,88% nas ordinárias e de 6,75% nas preferenciais.
E na segunda-feira, primeiro dia "oficial" de negociação dos novos papéis, houve novas baixas, menos drásticas (recuo 0,81% nas ordinárias e 0,32% nas preferenciais. Na manhã desta terça-feira (14), enfim, surge algum consolo: no início da tarde, as ordinárias sobem 2,5%, embora uma das preferenciais siga perdendo 0,7%.
Então, quem investiu parte do FGTS nos fundos de ações da Eletrobras até agora teve perda líquida. Essa é a parte do risco, para a qual a coluna e todos os profissionais responsáveis alertaram. Isso não significa, porém, que essa perda não possa ser recuperada, e com sobras.
Analistas afirmam que essa queda no curto prazo é esperada e faz parte do processo. Normalmente, investidores compraram papéis a preço de mercado quando ocorre uma capitalização e esperam a valorização para vender e embolsar o ganho. Mas também houve uma coincidência infeliz: uma segunda-feira de pessimismo nos mercados financeiros em quase todo o mundo perdeu, com preocupações com a inflação nos Estados Unidos e possibilidade de ainda maior aperto no juro, lá e aqui.
Nesse caso, a perspectiva de que seja preciso elevar o juro além do que já era previsto enfraquece todo o mercado de capitais, porque representa mais chance de retorno com menor risco. Para quem virou cotista de fundo de ações da Eletrobras com recursos do FGTS precisa repetir a frase que está nas notas de dólares (In God we trust), com pequeno ajuste de palavras: "confiamos no longo prazo".