Sim, os ovos de chocolate estão caríssimos: subiram 19,53% nos últimos 12 meses, conforme pesquisa do Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Fundação Procon-SP. Mas perdeu por uma distância de quase nove vezes o papel de vilão desta Páscoa, que coube a outro símbolo da data: a cenoura.
Neste ano, o suposto alimento preferido do coelho — os reais são feno e alfafa — é o novo óleo de soja, a nova carne, o novo tomate. Para os mais experientes em inflação, o novo chuchu. Subiu espantosos 166% entre a Páscoa do ano passado e a deste ano.
O dado corresponde à média das 16 capitais pesquisadas para compor o índice oficial da inflação de março, o IPCA, calculado pelo IBGE. Em Porto Alegre, onde houve o menor salto, a alta foi de 79,7%. Na Grande Vitória (ES), chegou a absurdos 308,6%. Pelos dados do IBGE, superou em vilania até o famoso tomate, que subiu 75,6% no mesmo período em Porto Alegre e "só" 94,5% na média nacional.
Apenas oito dos 400 produtos pesquisados pelo IBGE subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses e ajudaram a puxar a inflação para cima entre o mês passado e março de 2021, com a cenoura liderando o pelotão dos "oito odiados" com muita folga. Esses saltos tiveram impulso no mês passado, quando a cenoura subiu 31,47% em relação a fevereiro na média nacional e 21,12% em Porto Alegre. Sim, em tão somente 30 dias.
A causa dessas altas passa por toda a pressão dos combustíveis — os alimentos precisam ser transportados das hortas às mesas —, mas também pelo clima: houve quebras na produção tanto pelo excesso de chuva no Sudeste, quanto pela escassez, no Sul.
Os oito odiados (pela alta no preço, não pelo sabor)
Produtos que passaram de 50% de aumento em 12 meses
Cenoura 166,17%
Tomate 94,55%
Pimentão 80,44%
Melão 68,95%
Melancia 66,42%
Repolho 64,79%
Café moído 64,66%
Mamão 54,95%