Se o resultado positivo das vendas no comércio em fevereiro surpreendeu, mais inesperado ainda foi o avanço do segmento que mais cresceu no período: livros, jornais, revistas e papelaria, com salto de 42,8% no volume de vendas e de quase inacreditáveis 126,2% em valor nominal (sem descontar a inflação).
Antes que a coluna seja acusada de puxar a sardinha para a sua brasa (jornais!), é preciso observar que boa parte dessa disparada foi a compra de material escolar, provocada pela volta às aulas presenciais (clique aqui para ver os números do IBGE).
Diante dos dados mais recentes sobre a atividade econômica, o avanço de 1,1% no volume de vendas do varejo, em fevereiro (com ajuste sazonal), foi uma surpresa positiva. Para dar ideia do quanto fora da curva foi o salto do segmento que mais cresceu, os seguintes ficaram todos abaixo de dois dígitos: combustíveis e lubrificantes tiveram alta de 5,3%, móveis e eletrodomésticos, de 2,3%, tecidos, vestuário e calçados, de 2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, 1,6%, e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 1,4%.
Conforme André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, o dado geral foi quase quatro vezes mair do que a expectativa mediana (mais frequente), de 0,3%. Apesar das duas surpresas — a do varejo restrito e do segmento mais acelerado —, Perfeito avalia que os dados ainda são ruins "em perspectiva", porque não há avanço significativo. A variação acumulada no trimestre móvel (dezembro, janeiro e fevereiro) é de 0,2%.
— A economia segue lutando para sair da letargia, mas se tratando de dados de fevereiro, quando ainda não estavam claros todos os efeitos do conflito no Leste Europeu, sugerimos cautela — afirma o economista.